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Tropas de elite sírias entram no leste de Aleppo

As tropas do regime, auxiliadas por combatentes estrangeiros, já controlam 40% da zona leste de Aleppo

Síria: centenas de soldados das unidades de elite da Guarda Republicana e da 4ª Divisão foram mobilizadas para "batalhas de rua" (Getty Images)

Síria: centenas de soldados das unidades de elite da Guarda Republicana e da 4ª Divisão foram mobilizadas para "batalhas de rua" (Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 12h30.

O regime sírio enviou centenas de soldados de elite para conquistar os bairros mais populosos da zona leste de Aleppo e acelerar a queda do reduto rebelde, que pode, segundo a ONU, tornar-se um "gigantesco cemitério".

As tropas do regime, auxiliadas por combatentes estrangeiros, controlam 40% da zona leste de Aleppo, quinze dias após o lançamento de sua vasta ofensiva para retomar a segunda maior cidade do país, de acordo com Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"O regime aperta o cerco sobre as áreas ainda sob controle rebelde", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. Depois de conquistar a parte nordeste do reduto rebelde, suas tropas avançam "no leste, em torno de al-Karm Jazmati, e ao sul", no vasto bairro de Sheikh Said.

Centenas de soldados das unidades de elite da Guarda Republicana e da 4ª Divisão foram mobilizadas para "batalhas de rua" nas áreas mais povoadas da zona leste de Aleppo, informou Abdel Rahman.

"Eles avançam, mas temem emboscadas nas áreas em que os combatentes se misturam aos civis".

Embora aguerridos, os grupos armados rebeldes não são páreos para o poder de fogo do regime, que com seus ataques aéreos e bombardeios incessantes está determinado a reconquistar a cidade, no que seria sua principal vitória desde o início da guerra em 2011.

Cerco de 150 dias

Os bombardeios causaram enorme destruição e forçaram mais de 50.000 pessoas a fugir da zona leste de Aleppoem quatro dias, de acordo com OSDH, um êxodo que deverá aumentar nos próximos dias, uma vez que nestas áreas habitam cerca de 250.000 civis.

"Essas pessoas estão sob cerco há quase 150 dias e agora não têm os meios para sobreviver", alertou o chefe das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien.

Mais de 300 civis, incluindo 33 crianças, foram mortos na zona leste de Aleppo desde o início da ofensiva, em 15 de novembro, de acordo com OSDH.

Quase cinquenta pessoas foram mortas na zona oeste de Aleppo, controlada pelo governo, por tiros atribuídos aos rebeldes.

"Suplicamos aos beligerantes para que façam todo o possível para proteger os civis e permitir o acesso à parte sitiada de Aleppo antes que se torne um gigantesco cemitério", disse O'Brien.

O'Brien fez o apelo ao Conselho de Segurança da ONU, reunido em caráter de emergência na quarta-feira. Mas esta reunião, como as anteriores, terminou sem progresso, demonstrando a impotência da comunidade internacional neste conflito.

Os ocidentais acusaram a Rússia, que ajuda militarmente o regime de Bashar al-Assad, seu aliado na guerra.

"O Conselho não responde aos apelos de ajuda aos civis (de Aleppo), porque a Rússia não quer isso", resumiu a embaixadora americana, Samantha Power.

"Este Conselho é totalmente incapaz de agir", admitiu o embaixador britânico Matthew Rycroft. "Por quê? Porque a Rússia vetou, uma e outra vez".

Já o embaixador russo Vitaly Churkin respondeu acusando o Ocidente de tentar "salvar terroristas" e "utilizar questões humanitárias para fins políticos".

Representantes de grupos rebeldes em Aleppo se reuniram nos últimos dias com enviados da Rússia em Ancara para discutir o estabelecimento de uma eventual trégua.

Uma retomada completa de Aleppo representaria a maior vitória do regime desde o início da guerra e seria mais um duro golpe para os rebeldes que agora controlam apenas a província de Idleb (norte) e algumas áreas de Deraa (sul), berço da sua revolta, e perto de Damasco.

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