A população está cansada depois de passar grande parte da noite acordada, mas festeja a chegada dos rebeldes à capital (Mahmud Turkia/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2011 às 11h29.
Trípoli - Trípoli amanheceu nesta segunda-feira com sentimentos contrários, entre a euforia e o medo. Os rebeldes estão em uma disputa de gato e rato com os soldados leais a Muammar Kadafi, que continuam a resistir com atiradores escondidos atrás de veículos.
São poucos os pontos de controle dos rebeldes na capital, sinal de que os insurgentes ainda não têm o domínio total da cidade.
Após a importante incursão à Trípoli, os rebeldes esperam a chegada de mais mil guerrilheiros da revolução vindos de regiões já libertadas para reforçarem os contingentes.
A rebelião adotou duas estratégias para a tomada da cidade: avanço o mais rápido possível através das grandes avenidas, mas expostos aos atiradores escondidos nos telhados e prédios, e lentamente pelos labirintos formados pelas ruas.
As paredes de concreto de Trípoli encheram-se de pichações anti-Kadafi e pró-revolução que exigiam liberdade e a saída do ditador líbio, no poder há 42 anos e considerado pela maioria como um louco.
A população está cansada depois de passar grande parte da noite acordada, mas festeja com comida, bebida e cigarros os acontecimentos na capital e o fim do jejum do mês sagrado do ramadã.
No bairro de Gorji, no sudoeste da capital, os habitantes receberam os rebeldes com entusiasmo.
"Os rebeldes das montanhas e de Zawiya já estão na Praça dos Mártires - novo nome dado pela rebelião à Praça Verde, onde se reuniam os partidários de Kadafi - e nas ruas próximas", declarou à AFP Saad Zais, quando voltava das comemorações no centro da cidade.
"Mas existem atiradores africanos escondidos chegando do Chade, na Cidade Velha, e de vez em quando podemos ouvir disparos de morteiros, mas não sabemos de onde são lançados", acrescenta.
Abdelrahman ben Jama, como a maioria dos moradores de Gorji, só quer uma coisa: participar dos combates.
"Não tenho armas, mas quero proteger este bairro porque ele é meu. Não temos armas suficientes, mas queremos todas que são possíveis para podermos nos libertar do ditador. Aqui, cada um é um guerrilheiro", afirma Bem Jama.
"As mulheres também estão nos apoiando, estão muito contentes com o que está acontecendo", completa.
Os moradores estão nervosos e tensos, porque não sabem o que acontecerá nos próximos dias e semanas, mas estão felizes de ver o que consideram o final inevitável de Muammar Kadafi.
"Gorji foi o primeiro bairro que se manifestou contra Kadafi. Cem pessoas foram presas desde o início da revolução e ainda não temos nenhuma notícia deles", lamenta Abubekr Wanis.
"Sabemos exatamente quem está conosco e quem com está com Kadafi, são poucos, e nós os aconselhamos a ficarem em suas casa", revelou Wanis.