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Trigo e arroz de 2050 podem ser menos nutritivos; entenda

Pesquisa publicada na revista Nature indica que altas concentrações de CO2 na atmosfera ameaçam reduzir nutrientes como zinco e ferro de alimentos básicos

Agricultor mostra sementes de trigo no começo da colheita em Chebsey, próximo de Stafford, no Reino Unido (Christopher Furlong/Getty Images)

Agricultor mostra sementes de trigo no começo da colheita em Chebsey, próximo de Stafford, no Reino Unido (Christopher Furlong/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de maio de 2014 às 15h29.

São Paulo – Em meados do século, é possível que seus filhos ou netos consigam menos nutrientes essenciais de um prato de arroz com batata do que você obtém hoje com os mesmos alimentos. Essa é a conclusão preocupante de uma pesquisa publicada na revista Nature nesta semana.

O estudo associa o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera estimado para 2050 à redução de nutrientes essenciais, como ferro, zinco e proteínas, de alimentos básicos, especialmente trigo, soja, milho e arroz.

Em experimentos, quando cultivados em condições de campo com a concentração elevada de CO2  prevista para o ano de 2050 (de 545 a 585 partes por milhão), esses alimentos apresentaram redução de nutrientes.

Uma consequência direta dessa relação, que preocupa os pesquisadores, é o agravamento de problemas de saúde ligados à má nutrição.

As deficiências nutricionais de zinco e ferro são, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública.

http://cf.datawrapper.de/5yaPz/2/
Em todo o mundo, estima-se que 2 bilhões de pessoas possuem alimentação pobre em nutrientes, que culmina no óbito de cerca de 2,3 milhões por ano.

A maioria dessas pessoas são de regiões pobres e dependem de grãos e leguminosas como arroz, soja e trigo, para obter zinco e ferro, apesar desses alimentos não serem tão ricos assim nesses nutrientes.

Mas em lugares onde a carne raramente aparece à mesa, eles são uma importante fonte de nutrientes.

Em entrevista ao The Guardian, Samuel Myers, especialista em saúde ambiental na Universidade de Harvard, e principal autor do estudo, afirmou: "Fundamentalmente, a preocupação é que há um enorme problema de saúde pública e o crescente nível de CO2 na atmosfera vai agravar esse problema ainda mais".

Os mecanismos biológicos envolvidos nessa relação, contudo, ainda não são completamente entendidos pelos cientistas.

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