O juiz Baltasar Garzon, durante seu julgamento: ele pode ser proibido de atuar por 20 anos (Javier Soriano/AFP)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2012 às 12h21.
O Tribunal Supremo da Espanha rejeitou anular o julgamento contra o juiz Baltasar Garzón, acusado de ter descumprido uma lei de anistia por investigar os crimes da ditadura franquista, anunciou a corte nesta terça-feira.
"Os atos não têm entidade material suficiente para justificar a anulação das instruções", afirmou a secretária da sala durante a leitura da decisão adotada pelo tribunal.
O promotor do Tribunal Supremo, Luis Navajas, e a defesa de Garzón haviam solicitado a anulação do processo na abertura, semana passada.
O advogado de Garzón, Gonzalo Martínez-Fresneda, denunciou na ocasião a "falta de imparcialidade" do juiz instrutor do caso, Luciano Varela, a quem acusou de ter cooperado com a acusação na redação da demanda.
Também alegou que a causa não era válida porque nenhum "prejudicado direto" se apresentou, apenas uma acusação popular.
Mas o tribunal considerou que o "objeto do processo" é de "natureza pública" e que a justiça adotou resoluções que impediram o "comparecimento daqueles que se consideravam prejudicados pelos fatos".
Famoso pela prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet em 1998 em Londres, Garzón, de 56 anos, foi processado no Tribunal Supremo por dois grupos de extrema-direita.
Ele é acusado de desrespeitar a lei de anistia de 1977. Em 2008, Garzón se declarou competente para investigar 114.000 "desaparecimentos forçados" ocorridos durante a Guerra Civil espanhola (1936-39) e a ditadura franquista (1939-75).
Suspenso das funções desde maio de 2010, o magistrado pode ser condenado a 20 anos de inabilitação profissional, o que representaria o fim de sua carreira.