Líbia: novos governantes dizem que os dirigentes do regime de Gaddafi sob sua custódia devem enfrentar a Justiça local pelas acusações de assassinatos (Ahmad al-Rubaye/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2013 às 12h58.
Amsterdã - Os juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda, ordenaram nesta quinta-feira que a Líbia entregue o chefe de espionagem do ex-líder líbio Muammar Gaddafi e permitam que ele se reúna com seu advogado. A decisão intensifica a disputa sobre quem tem o direito de julgar os principais assessores do líder deposto.
A declaração colocou o tribunal de Haia em rota de colisão com os novos governantes da Líbia, que dizem que os dirigentes do regime de Gaddafi sob sua custódia devem enfrentar a Justiça local pelas acusações de assassinatos em massa e outras atrocidades.
Os juízes do TPI afirmaram que a Líbia deveria extraditar Abdullah al-Senussi por seu suposto papel na orquestração de represálias contra os manifestantes de oposição, no levante que derrubou Gaddafi em 2011.
"A Líbia continua com a obrigação de atender ao pedido de entrega", disseram os juízes em sua declaração.
Eles iriam decidir mais tarde como responder se o Estado norte-africano continuarem a manter Al-Senussi sob sua custódia, acrescentaram os juízes. O tribunal tem o poder de remeter a questão para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"O TPI ordenou a suspensão imediata da pressa indecorosa da Líbia de levar o Sr. Al-Senussi para a forca antes que a lei siga seu caminho", afirmou Ben Emmerson, advogado de Al-Senussi no TPI.
Os juízes também ordenaram que a Líbia conceda a Emmerson acesso ao seu cliente.
A Líbia se tornou um caso-teste da eficácia do tribunal, criado há dez anos e que conta com a cooperação dos países membros para prender suspeitos e executar as suas ordens.