Ali Ahsan Mohamed Mujahid sendo levado pela polícia após condenação: veredicto foi divulgado em meio ao terceiro dia consecutivo de protestos de islamitas, que resultaram em nove mortes (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2013 às 09h19.
Nova Deli - Um tribunal da Bangladesh anunciou nesta quarta-feira a condenação à morte do líder islamita Ali Ahsan Mohamed Mujahid por ter planejado a massacre de intelectuais na guerra de independência do país em 1971, informou uma fonte judicial.
Mujahid, de 65 anos e atual secretário-geral do Jamaat-e-Islami (JI), principal partido religioso de Bangladesh que apoiou o Paquistão no conflito, é o sexto islamita condenado em 2013 por crimes de lesa-humanidade por este tribunal de guerra criado pelo governo.
O veredicto foi divulgado em meio ao terceiro dia consecutivo de protestos por parte de islamitas, que, após a condenação do nonagenário ex-líder de JI Ghulam Azam a 90 anos de prisão na última segunda-feira, decidiram ir às ruas. Na ocasião, além de detenções, pelo menos nove mortes foram registradas.
De acordo com o tribunal de guerra, Mujahid liderou a milícia paramilitar Al-Badr, que recrutava seus membros em escolas públicas, e foi responsável pelo assassinato em massa de jornalistas, intelectuais e professores no país.
Mujahid foi considerado culpado em cinco das sete acusações apresentadas, entre elas genocídio, assassinato, tortura, conspiração, planejamento, incitação e cumplicidade nos crimes de guerra de 1971.
O tribunal condenou Mujahid pelo sequestro e o desaparecimento de Sirajuddin Hosain, editor de um jornal crítico aos "agentes locais do Paquistão", além do sequestro e tortura de vários "lutadores pela liberdade" e civis de religião hindu.
Segundo dados não oficiais, na guerra que de independência de Bangladesh do Paquistão, que contou com a ajuda da Índia, morreram 3 milhões de pessoas e centenas de milhares de mulheres foram violadas.
A Liga Awami da primeira-ministra, Sheikh Hasina, no poder desde 2009, deu uma ênfase especial em levar este episódio da história à justiça, uma reivindicação que era exigida por grande parte da população.
Na prática, no entanto, a maioria dos acusados - e os seis condenados até o momento - por crimes cometidos na guerra de 1971 são líderes de Jamaat-e-Islami.
Quatro líderes do JI foram condenados à morte, um deles a prisão perpétua e um sexto a 90 anos de prisão, enquanto cinco islamitas ainda aguardam suas sentenças.
Embora apareça em caráter minoritário, o JI é uma formação muito influente - como um tradicional aliado da principal força opositora, o Partido Nacional - e capaz de mobilizar com sucesso suas bases, que neste ano já protagonizou contínuos protestos.