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Três xiitas são favoritos na eleições do Iraque

Após vitória iraquiana contra o Estado Islâmico no país, o atual primeiro-ministro xiita, Haider al Abadi, está entre os favoritos nas pesquisas eleitorais

Haider al Abadi: atual primeiro-ministro, seu antecessor e o chefe dos paramilitares são os candidatos favoritos nas pesquisas (Abdullah Dhiaa al-Deen/Reuters)

Haider al Abadi: atual primeiro-ministro, seu antecessor e o chefe dos paramilitares são os candidatos favoritos nas pesquisas (Abdullah Dhiaa al-Deen/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de maio de 2018 às 11h56.

O atual primeiro-ministro, seu antecessor no cargo e o chefe dos paramilitares que derrotaram os extremistas partem como favoritos nas primeiras eleições iraquianas desde a vitória frente ao grupo Estado Islâmico (EI).

Desde a queda em 2003 do ditador sunita Saddam Husein, a Constituição outorga o poder ao primeiro-ministro, cargo que recai sobre os xiitas, maioria no país.

O sistema estabelecido para evitar uma volta à autocracia estabelece, entretanto, que o vencedor das eleições de 12 de maio forme alianças com outros grupos xiitas, sunitas e curdas para obter a maioria.

Dois dos favoritos podem se apresentar como os artífices da vitória contra os extremistas, que em 2014 controlavam um terço do Iraque.

O atual primeiro-ministro Haider al Abadi, de 66 anos, chegou ao poder em setembro de 2014 em um país em uma situação desesperada.

Este engenheiro formado no Reino Unido, do mesmo partido religioso Daawa que seu antecessor Nuri al Maliki, obteve o posto graças ao apoio da Marjaiya, a hierarquia religiosa chiita, e a um consenso internacional.

Vitórias militares

Como chefe das Forças Armadas, segundo a Constituição, elevou a moral de dezenas de milhares de homens com a ajuda de instrutores estrangeiros.

Este exército, com a ajuda de uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, derrotou o "califado" proclamado pelo EI em uma região entre Iraque e Síria, e tomou dos curdos o controle da rica província petrolífera de Kirkuk.

Os especialistas apontam Abadi como grande favorito. "Tem uma base popular que transcende o marco confessional e étnico. Tem um discurso de homem de Estado e não se viram atingido pela corrupção", assegura o cientista político Esam al Fili.

"É o rival mais sólido, mas não suficientemente forte para conseguir a maioria", avalia Fanar Hadad, pesquisador associado do Instituto do Oriente Médio da Universidade de Cingapura.

"Tem a vantagem de ocupar o cargo, pode se vangloriar da vitória contra o EI (...) e é aceitável para todas as partes estrangeiras envolvidas no Iraque, dos iranianos até os americanos".

Seu principal concorrente é o chefe de guerra Hadi al Ameri, dirigente do Hashd al Shaabi (Unidades de Mobilização Popular), um movimento paramilitar chave na derrota do EI.

Este homem originário da província de Diyala (centro-oeste) é diplomado em Estatísticas pela Universidade de Bagdá. Se refugiou no Irã depois que Saddam Hussein ordenou a execução do aiatolá Mohamad Baqr em 1980.

Ele tem 64 anos e se considera o homem de Teerã. Combateu com as forças iranianas na guerra contra o Iraque (1980-1988) no interior da organização Badr fundada em 1982 e não voltou a seu país até a queda do ditador.

É deputado e foi ministro dos Transportes no mandato de Maliki (2010-2014). Não se tornou ministro do Interior no gabinete de Abadi devido ao veto americano.

Depois do avanço extremista em 2014 trocou sua roupa à paisana por uma camuflada e voltou ao front ao lado de seu amigo Qasem Suleimani, encarregado das operações externas des Guardiões da Revolução iraniana

"Acredito que Ameri terá um papel determinante nas negociações pós-eleitorais, mas a formação do governo ficará nas mãos de Daawa e muito provavelmente de Abadi", estima Hadad.

Além dos triunfos militares, Hashd al Shaabi pode se gabar de ter contribuído para a reconstrução de infraestruturas em Basra e Sadr City, por exemplo, diante da imperícia do Estado.

O terceiro, Nuri al Maliki, de 68 anos, demonstra impaciência desde que foi afastado do posto em 2014. Ele é chefe de Daawa e dirigiu o país de 2006 a 2014. É acusado de ter marginalizado os sunitas e favorecido a corrupção.

"Tenta concentrar seus esforços nas regiões onde o partido Daawa é forte e tenta se aproximar de grupos armados chiitas para manter-se no primeiro escalão", assegura Fili.

Suas chances são limitadas, opina Hadad, "porque seu mandato não deixou boas lembranças aos iraquianos".

 

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