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Tremores dificultam resgate no Equador pós-terremoto

O novo terremoto, de 6,1 graus segundo o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos, não teve danos registrados até o momento


	Resgate: "São tremores secundários. Tivemos dois tremores de madrugada, de 6,1 e 6,3 graus"
 (Guillermo Granja / Reuters)

Resgate: "São tremores secundários. Tivemos dois tremores de madrugada, de 6,1 e 6,3 graus" (Guillermo Granja / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2016 às 20h33.

O Equador foi sacudido novamente na madrugada desta quarta-feira por um forte tremor, que provocou alarme entre as pessoas que participam dos trabalhos de resgate na região onde um terremoto de 7,8 graus deixou 525 mortos e 1.700 desaparecidos há quatro dias.

O novo terremoto, de 6,1 graus segundo o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos, não teve danos registrados até o momento. Seu epicentro foi localizado a uma profundidade de 15,7 quilômetros, a 25 km de Muisne e a 73 km de Propicia.

As autoridades não ativaram o alerta de tsunami.

Às 3h30 (5h30, horário de Brasília), na já castigada cidade de Pedernales (estado de Manabí, epicentro do terremoto), a terra voltou a tremer fortemente e deflagrou ondas de pânico na população.

Uma equipe da AFP acompanhou os efeitos deste novo tremor. Houve momentos de pânico, pessoas deixaram suas casas, e muitas decidiram dormir nas ruas.

"São tremores secundários. Tivemos dois tremores de madrugada, de 6,1 e 6,3 graus", disse à AFP o diretor do Instituto Geofísico do Equador, Mario Ruiz.

Quase quatro dias depois do terremoto de 7,8 graus que devastou a costa equatoriana e em meio aos tremores secundários, o abalo desta quarta-feira aumentou a angústia dos sobreviventes, que sofrem com a falta de água e de mantimentos, além dos frequentes cortes de energia elétrica.

"Não temos água, nem alimentos. As lojas estão fechadas ou vendem muito caro", disse à AFP Andrés Mantuano, na cidade de Manta, província de Manabí, a mais afetada.

O péssimo estado das estradas na costa do Pacífico equatoriano, o temor de saques e a instabilidade dos edifícios levaram muitos comerciantes a fechar as portas. A ausência de produtos básicos, sobretudo água e alimentos, começa a irritar a população em uma região que parece um cenário de guerra.

Ao mesmo tempo, 900 socorristas, bombeiros, médicos e especialistas de vários países prosseguem com os trabalhos em busca de sinais de vida entre os escombros. Em geral, têm conseguido recuperar apenas corpos.

O desespero dos familiares com a demora na retirada dos corpos é cada vez maior, ao mesmo tempo em que o cheiro dos cadáveres em decomposição se torna mais intenso.

Lágrimas para 'semear o futuro"

De acordo com o presidente Rafael Correa, o número de mortos chega a 525, e o de feridos a 5.733.

"O número de mortos, infelizmente, aumentará, mas em um ritmo cada vez menor, porque já foram resgatados muitos corpos", afirmou o presidente, depois de visitar a zona afetada "em 70, 80%".

Esse número é menos, porém, do que aqueles registrados em anos recentes na América Latina: 1.142 em El Salvador, em 2001; 600 em 2007, no Peru; e entre 200.000 e 250.000 no Haiti, em 2010.

As autoridades advertem que os números devem aumentar nas próximas horas.

O terremoto destruiu 800 edifícios, afetou outros 600 e deixou estradas e infraestruturas em colapso em zonas turísticas.

Rafael Correa calculou em três bilhões de dólares os danos, o que representa de dois a três pontos do PIB e deixa a situação econômica do país ainda mais complicada depois da queda do preço do petróleo.

O presidente garantiu que o país está "muito mais preparado" do que antes para enfrentar esse tipo de tragédia e que, pouco a pouco, vão-se restabelecendo as telecomunicações e a energia elétrica.

Correa também agradeceu a ajuda de países como Colômbia, Cuba, Venezuela, Espanha, Estados Unidos, Peru, México e Bolívia, e pediu a criação de "uma Secretaria de Riscos Sul-Americana" para atender de maneira coordenada a tragédias como esta.

Vários países ofereceram ajuda ao governo equatoriano.

Em Pedernales, balneário que fica 180 km ao norte de Manta e marco zero do terremoto de sábado que deixou a cidade de 60.000 habitantes destruída, um pequeno campo de futebol foi transformado em Centro de Operações de Emergências (COE) e inclui um necrotério, um centro de atendimento médico e uma central de distribuição de produtos básicos.

O local distribui roupas, alimentos e medicamentos, assim como papel higiênico e cobertores, recebidos de doações públicas e de particulares de todo o país.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 150.000 crianças foram afetadas pelo terremoto.

Alguns bombeiros questionaram a rapidez com que algumas brigadas usaram equipamento pesado.

"Infelizmente, não observaram as 72 horas para que os grupos trabalhassem em sua parte das operações. Desde domingo eles começaram a remoção com equipamento pesado, reduzindo muito os espaços de vida na estrutura", declarou à AFP o tenente Ricardo Méndez, comandante dos socorristas do corpo de bombeiros da cidade colombiana de Pasto, um dos voluntários.

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