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Trem Maia: México inaugura rota para levar turistas de Cancún para o resto do país

Projeto é alvo de críticas de ambientalistas e será usado pelo presidente Obrador na campanha eleitoral

Trem Maia: Nova ferrovia ligará Cancún ao interior do país (Tren Maya no X)

Trem Maia: Nova ferrovia ligará Cancún ao interior do país (Tren Maya no X)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 13h33.

Última atualização em 15 de dezembro de 2023 às 13h36.

O Trem Maia, ferrovia que ligará Cancún a outras partes do México, foi inaugurado nesta sexta-feira (15) com a promessa de levar prosperidade a uma das regiões mais pobres do país, e em meio a acusações de gerar danos ao meio ambiente.

O projeto é também uma das vitrines eleitorais do presidente Andrés Manuel Lopez Obrador. Haverá eleições presidenciais no México em junho de 2024, e ele quer eleger uma sucessora.

O primeiro trecho da obra vai conectar Cancún à cidade colonial de Campeche. Cancún, que tem um aeroporto internacional muito movimentado, é o principal destino turístico do país. Entre janeiro e outubro deste ano, a cidade recebeu 34 milhões de visitantes estrangeiros, segundo números oficiais. Como comparação, o Brasil inteiro deve receber 6 milhões de turistas internacionais em 2023, projeta o Ministério do Turismo.

Obrador, ou AMLO, como é chamado, compareceu à inauguração e disse que era um dia "verdadeiramente histórico", pela capacidade do México de fazer um projeto deste porte em cinco anos. "É uma obra magna, não exageramos ao dizer que não há outra obra assim atualmente no mundo, e se conseguiu em tempo recorde. Essas obras geralmente transcendem governos, são de mais de uma década, e em cinco anos demos conta", disse AMLO. O presidente destacou que a obra gerou mais de 100 mil empregos e usará trens fabricados no México, pela Alstom.

Este é o primeiro dos sete trechos que percorrerão um total de 1.554 km ao redor da península de Yucatán, uma região rica em fauna, flora e sítios arqueológicos. Os demais trechos entrarão em operação no primeiro trimestre de 2024. Um bilhete para ir de Cancún a Mérida custa 735 pesos (211 reais) na classe mais barata.

Andrés Manuel López Obrador, presidente do México (Lucas Aguayo Araos/Anadolu Agency//Getty Images)

O projeto é inaugurado a seis meses das eleições presidenciais, nas quais pesquisas indicam que a esquerda é favorita para permanecer no poder, com a ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, como candidata. Ela concorrerá pelo cargo com a ex-senadora da oposição Xóchitl Gálvez. Com isso, o país poderá ser presidido por uma mulher pela primeira vez.

Com o orçamento original de 150 bilhões de pesos (cerca de 8,7 bilhões de dólares ou 42,4 bilhões de reais na cotação atual), o planejamento sofreu modificações e paralisações temporárias por demandas durante sua execução. No entanto, o Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO, na sigla em espanhol) estima que o custo se multiplicou para 30 bilhões de dólares (146,7 bilhões de reais).

O Trem Maia é um dos principais projetos de infraestrutura do governo de AMLO. Ele defende que a obra levará prosperidade para a economia do sudeste do país, região historicamente atrasada em comparação ao norte industrializado, que tem como vantagem estar ao lado da fronteira com os Estados Unidos.

Seu percurso inclui a passagem por trechos na paradisíaca Riviera Maya, que abrange uma região florestal considerada a segunda maior reserva da América Latina depois da Amazônia, além de poços de água doce e rios subterrâneos. Ativistas e organizações ambientais defendem que o projeto é um risco a este ecossistema e pediram a paralisação temporária das obras, que consideram um "ecocídio".

O Greenpeace e outras ONGs alertaram que o trem pode contaminar os poços e rios subterrâneos. Também sinalizam que o solo pode colapsar com o peso da estrutura, além de atingir a fauna e a flora locais.

AMLO chamou os manifestantes de "pseudoambientalistas" e defendeu a obra em diversas ocasiões, prometendo plantar milhões de árvores na área em questão. Porém, números oficiais divulgados pelo portal Animal Político em fevereiro deste ano indicavam que 3,4 milhões de árvores já haviam sido derrubadas ou removidas.

Com AFP. 

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