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Trégua na Ucrânia corre risco com dia sangrento

O processo de paz na Ucrânia estava ameaçado hoje, após o dia mais sangrento no leste desde o cessar-fogo


	Tanque ucraniano em Donetsk, Ucrânia: 6 civis morreram em bombardeios
 (Anatolii Stepanov/AFP)

Tanque ucraniano em Donetsk, Ucrânia: 6 civis morreram em bombardeios (Anatolii Stepanov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 13h35.

Donetsk - O processo de paz na Ucrânia estava ameaçado nesta segunda-feira, depois de ter sido registrado, na véspera, o dia mais sangrento no leste do país desde a instauração de um frágil cessar-fogo entre o Exército e os separatistas pró-russos.

Seis civis, entre eles ao menos uma mulher, morreram em bombardeios no reduto rebelde de Donetsk, segundo as autoridades locais.

Estas são as perdas civis mais graves desde o início do cessar-fogo, assinado no dia 5 de setembro.

O cessar-fogo é violado diariamente e os habitantes de algumas localidades próximas a Donetsk denunciam uma trégua fictícia.

Estas novas vítimas de um conflito que já deixou mais de 2.700 mortos em cinco meses, segundo a ONU, ocorrem num momento em que os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha e Rússia se reuniram em Paris para falar da crise ucraniana, à margem da conferência internacional sobre a segurança no Iraque.

Em uma demonstração de solidariedade com o governo pró-ocidental de Kiev, soldados de 15 países, incluindo os Estados Unidos, começaram nesta segunda-feira as manobras militares "Tridente Rápido 14" perto da cidade ocidental de Lviv.

Acredita-se que os Estados Unidos enviarão 200 militares, na primeira mobilização deste tipo desde o início do levante pró-russo no leste da Ucrânia, em abril.

Poucos dias antes de uma visita do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, a Washington, a Rússia acusou os Estados Unidos de atiçar o conflito por motivos puramente estratégicos. O governo de Kiev, por sua vez, denuncia uma tentativa russa de eliminar a Ucrânia.

Em uma troca de farpas, nesta segunda-feira o primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk acusou o exército ucraniano de violação do cessar-fogo e provocação.

"O governo de Kiev utiliza este cessar-fogo para reagrupar suas forças e nos atacar novamente", disse Alexandre Zajarshenko.

Petro Poroshenko e a chanceler alemã, Angela Merkel, já manifestaram sua preocupação por estas violações da trégua em uma conversa telefônica na noite de domingo, indicou o gabinete do presidente ucraniano.

Ele também indicou que Merkel apoiou os planos de Poroshenko de apresentar uma legislação nesta semana ante o Parlamento para oferecer uma autonomia limitada às regiões orientais que formam a coluna vertebral econômica da Ucrânia, uma cláusula chave da trégua.

Como na Guerra Fria

O conflito no leste industrial da Ucrânia afetou as relações entre Rússia e Ocidente, que se encontram em seu nível mais baixo desde a Guerra Fria, criando o risco de um conflito de maiores proporções na Europa Oriental.

A organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), mediadora na obtenção desta trégua, afirmou que seus supervisores presenciaram disparos de artilharia em um distrito de Donetsk no domingo.

"Quatro morteiros caíram e explodiram em 20 segundos a 200 metros da posição da equipe" de observadores da OSCE, indicou esta organização em um comunicado.

"As ações terroristas ameaçam a realização do plano de paz do presidente da Ucrânia", afirmou o porta-voz do conselho de segurança e defesa do governo de Kiev, Volodymyr Polyovy.

Neste contexto, o presidente americano Barack Obama rejeitou uma participação militar direta de seu país, mas anunciou sanções econômicas mais duras contra Moscou que, somadas a medidas similares da União Europeia, limitam o financiamento de uma economia russa à beira da recessão e afetam sua crucial indústria petrolífera.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, acusou os Estados Unidos de tentar utilizar esta crise para romper os vínculos econômicos entre a União Europeia e a Rússia.

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