Nicolás Maduro: oposição disse que retomará os protestos em paralelo à negociação em curso (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
AFP
Publicado em 14 de novembro de 2016 às 20h15.
A oposição venezuelana pôs fim, nesta segunda-feira (14), à "trégua" dada ao presidente Nicolás Maduro, no âmbito de um diálogo para resolver a crise política, e disse que retomará os protestos em paralelo à negociação em curso.
"Acabou-se a trégua que o Vaticano pediu", declarou o secretário-executivo da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, à emissora privada Globovisión.
Em 3 de novembro passado, a MUD suspendeu uma passeata para o Palácio presidencial de Miraflores, a pedido - segundo eles - da Santa Sé, a qual acompanha o diálogo junto com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Além da mobilização, os opositores adiaram um julgamento contra Maduro no Parlamento - onde a MUD é maioria - para estabelecer sua responsabilidade na crise política e econômica e declará-lo em "abandono do cargo".
Torrealba defendeu que se retome essa discussão legislativa, mas descartou uma marcha até a casa de governo.
A Constituição venezuelana não prevê a realização de julgamento político como mecanismo para destituir o presidente.
A caminhada até o Miraflores tinha como propósito exigir a reativação do processo para um referendo revogatório, suspenso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em 20 de outubro passado.
"O que se fizer no diálogo, pode-se reforçar nas ruas, e o que se fizer nas ruas, pode-se reforçar com o diálogo", completou Torrealba, um dos delegados da MUD na mesa de negociações que realizou sua segunda rodada no último fim de semana.
O dirigente lamentou que, embora o diálogo tenha começado em 30 de outubro, ainda não se estabeleceu a data de uma eleição antecipada para mudar o governo, principal exigência da oposição.
No domingo, Maduro descartou a possibilidade de discutir o referendo revogatório contra ele, ou a antecipação de eleições.
Diante das críticas de vários partidos da MUD que não integram as negociações, Torrealba destacou as conquistas alcançadas, sobretudo, em relação à renovação de dois reitores do CNE.