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Trégua bilateral entre governo e o ELN expira hoje na Colômbia

Cessar-fogo termina com queixas mútuas de descumprimentos, mas já possui indicações de renovação

Gustavo Bell: novo negociador chefe do governo afirmou que está com esperança renovada em relação ao novo ciclo de negociações de paz (Rodrigo Buendia/AFP)

Gustavo Bell: novo negociador chefe do governo afirmou que está com esperança renovada em relação ao novo ciclo de negociações de paz (Rodrigo Buendia/AFP)

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AFP

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 11h49.

Quito - A primeira trégua bilateral com o Exército de Libertação Nacional (ELN) expira à meia-noite desta terça-feira na Colômbia e o governo e os guerrilheiros devem retomar incertas negociações de paz em Quito.

O cessar-fogo termina com queixas mútuas de descumprimentos, mas com um fato indiscutível: durante os últimos três meses não houve enfrentamentos entre os militares e as tropas rebeldes, pela primeira vez em mais de meio século de conflito.

E isso incentivou as duas partes a discutir uma eventual prorrogação ou um novo acordo para continuar negociando sem a ameaça da guerra.

Essas negociações coincidem com a reta final do governo de Juan Manuel Santos, que deixará o poder em agosto.

"Mas por ora o acordo termina no dia 9 de janeiro (terça-feira), às 24 horas (03H00 de quarta-feira)", enfatizou Bernardo Téllez, delegado de paz do grupo guerrilheiro.

Depois de chegar na segunda em Quito, o novo negociador chefe do governo, Gustavo Bell, assegurou à AFP que está com esperança renovada em relação ao novo ciclo de negociações de paz com a que é considerada a última guerrilha ativa na Colômbia, depois do desarmamento e transformação em partido político das Farc no ano passado.

Acordo mais robusto

A ONU e a Igreja Católica, que supervisionaram o primeiro cessar-fogo bilateral com o ELN na Colômbia, defenderam um "acordo mais robusto".

Em um comunicado conjunto divulgado na segunda, os dois organismos chamaram o governo e os rebeldes a "preservarem as conquistas" obtidas durante a suspensão temporária do confronto que foi acordada no âmbito dos diálogos de paz de Quito.

Ainda que se digam conscientes das dificuldades na implementação da trégua, que começou em 1º de outubro de 2017, a Igreja e as Nações Unidas "compartilham a necessidade de um acordo de cessar-fogo mais robusto que gere maior confiança entre as partes e na sociedade colombiana".

A missão de verificação composta pelas duas instituições não se pronunciou explicitamente sobre uma prorrogação do cessar-fogo, mas insistiu em seu pedido para que perseverem nos diálogos com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ativa na Colômbia reconhecida pelo governo.

Também exortaram ao governo e seu contraparte a "avançar ainda mais, até a redução da violência, e consolidar e ampliar os benefícios alcançados desde o estabelecimento do cessar-fogo".

Um pacto melhor

Durante a trégua, as partes se acusaram de muitos descumprimentos de acordos.

O ELN foi acusado, por exemplo, de violar o acordo ao assassinar um governador indígena, um fato pelo qual o grupo pediu perdão.

O grupo rebelde, por sua vez, considerou como descumprimento a morte de sete camponeses cocaleiros em um ataque que envolveu a força pública e as operações militares em suas zonas de influência.

Para Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recurso para a Análise de Conflitos, é preferível negociar um novo cessar-fogo a prorrogar o atual.

"Este cessar-fogo como está tem muitas falhas, não tem regras claras, não são públicas, o mecanismo de monitoramento tampouco tem como fazer essa monitoração precisamente porque não existem regras claras e transparentes", afirmou à AFP.

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