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Tragédia em mina da Turquia provoca revolta contra premiê

Explosão em uma mina que deixou pelo menos 282 mortos na Turquia atiçou os protestos contra o governo do primeiro-ministro


	Familiares choram mortes: isto não é acidente nem destino, é um massacre, mostrava faixa
 (Bulent Kilic/AFP)

Familiares choram mortes: isto não é acidente nem destino, é um massacre, mostrava faixa (Bulent Kilic/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2014 às 14h11.

Soma - A explosão em uma mina que deixou pelo menos 282 mortos na Turquia atiçou os protestos contra o governo do primeiro-ministro islamita conservador Recep Tayyp Erdogan, com uma convocação de greve e manifestações reprimidas pela polícia.

As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo nesta quinta-feira para dispersar 20.000 manifestantes que denunciavam em Izmir, oeste do país, o que consideram uma grave negligência industrial do governo.

Kani Beko, presidente do DISK (Confederação dos Sindicatos Revolucionários da Turquia), um dos principais sindicatos do país, foi hospitalizado após a violenta ação policial.

Em Ancara, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar 200 pessoas concentradas na praça Kizilay.

"Isto não é um acidente nem o destino, é um massacre", afirmava uma faixa exibida por um sindicalista

Quatro sindicatos decretaram uma greve nesta quinta-feira em todo o país em memória aos trabalhadores mortos no acidente da mina de carvão de Soma, 100 km ao nordeste de Izmir.

Eles acusam o governo de ter ignorado repetidas advertências sobre a insegurança das minas do país.

Na quarta-feira, Erdogan visitou Soma, onde foi cercado por moradores enfurecidos e prometeu investigações sobre as causas da tragédia, mas rebateu as acusações ao governo, afirmando que "estes acidentes acontecem".

Um assessor de Erdogan foi fotografado agredindo um manifestante, o que provocou uma grande revolta nas redes sociais.

O desespero e a revolta aumentam à medida que diminui a esperança de resgatar com vida dezenas de mineiros que permanecem soterrados na mina.

Quase 90 mineiros ainda presos

"Temos 282 mortos", anunciou durante a manhã o ministro da Energia, Taner Yildiz.


Segundo as autoridades, quase 90 trabalhadores ainda estariam na mina, mas as possibilidades de encontrar sobreviventes são praticamente nulas.

O presidente turco, Abdullah Gül, viajou nesta quinta-feira ao local da tragédia e também foi alvo de protestos, mas um pouco mais moderados.

Os parentes dos mineiros mortos na catástrofe começaram a recuperar os corpos das vítimas em um armazém que é utilizado como necrotério improvisado em Kirkagac, a poucos quilômetros de Soma.

Sentado diante da porta do complexo, Alaattin Menguçek viajou de Izmir para recuperar o corpo do filho.

"Espero por meu filho. Eu o perdi na mina, ele foi pai há oito meses", disse à AFP.

A catástrofe aumentou a pressão sobre Erdogan, que enfrentou grandes protestos no ano passado e um gigantesco escândalo de corrupção que envolveu seus familiares e aliados nos últimos meses.

"Se as acusações de negligência na mina forem comprovadas, terão um preço político. Um acontecimento deste tipo tornaria mais convincentes as acusações de corrupção contra o governo", declarou à AFP o professor Ilter Turan da Universidade Bilgi de Istambul.

Na quarta-feira, milhares de manifestantes enfrentaram a polícia em Ancara e Istambul.

No total, 787 mineiros estavam nas galerias subterrâneas na terça-feira no momento da explosão, que ainda não teve suas causas esclarecidas.

De acordo com a imprensa turca, três semanas antes da tragédia o Parlamento se recusou a criar uma comissão para investigar a segurança nas minas do país. Os três partidos de oposição apresentaram propostas que foram rejeitadas pelo governista Partido para a Justiça e o Desenvolvimento (AKP).

O ministério do Trabalho respondeu que a mina de Soma passou por uma inspeção em março e que nenhuma violação das normas de segurança foi detectada.

As explosões nas minas de carvão são frequentes na Turquia, principalmente no setor privado, onde geralmente as normas de segurança não são respeitadas.

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