O general Mark Milley, comandante no Fort Hood: "Parece que houve uma discussão com outros soldados" (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2014 às 20h53.
Uma discussão com outros soldados teria levado o atirador de Fort Hood, um cabo considerado psicologicamente "instável", a matar três militares e ferir outros 16, antes de se suicidar.
O Exército americano tentava nesta quinta-feira traçar um perfil do autor do massacre, um veterano do Iraque sem antecedentes de violência e que não participou de combates no país.
"Parece que houve uma discussão com outros soldados", afirmou na tarde desta quinta-feira o general Mark Milley, comandante de base de Fort Hood, sobre o possível "elemento de deflagração" do incidente.
"Não há indicações de que pretendia matar algumas pessoas em particular", destacou o general em entrevista coletiva.
O cabo, nascido em Porto Rico, passou quatro meses no Iraque em 2011, coincidindo com os quatro últimos anos da operação militar americana no país.
Na época, os soldados americanos ficavam somente nas bases, cuidando de assuntos logísticos e do treinamento das forças iraquianas, e não patrulhavam mais as ruas. Ele era condutor de um caminhão.
"Não consta nenhum ferimento, nem envolvimento direto em combates", declarou o secretário do Exército, John McHugh, durante audiência com senadores da comissão das Forças Armadas.
Um problema recorrente entre os americanos que participaram das guerras do Iraque e do Afeganistão são lesões neurológicas, geralmente causadas pela proximidade de uma explosão, e que podem causar um estresse pós-traumático.
Entretanto, nada indica que o atirador de Fort Hood tenha tido lesões desse tipo.
Problemas psicológicos
O homem, segundo a imprensa americana, chamava-se Iván López, de 34 anos, e tinha "problemas psicológicos", revelou o comandante da base, general Mark Milley.
"Não sabemos qual foi sua motivação, mas é certo que esse militar sofria de problemas mentais. Ele tinha depressão e outros problemas psiquiátricos e psicológicos", como ansiedade e distúrbios do sono, afirmou o general, ressaltando que ele era submetido a testes para determinar se sofria de estresse pós-traumático. Mas o diagnóstico ainda não havia sido liberado.
López estava sendo atendido por um psiquiatra desde o mês passado, acrescentou Milley.
"Até o momento, não temos indício algum em seus registros de que esses testes revelaram sinais de possível violência contra si mesmo ou contra outros", explicou. O objetivo era "continuar acompanhá-lo e manter o tratamento da maneira apropriada".
Segundo o chefe do Estado-Maior, general Ray Odierno, o homem passou nove anos na Guarda Nacional de Porto Rico, e se alistou em 2008 no serviço militar americano.
Durante sua passagem pela Guarda Nacional, esteve na Península do Sinai, no Egito.
Circunstâncias incertas
O autor dos disparos matou três pessoas e deixou 16 feridas, sendo três em estado crítico, antes de se suicidar.
O militar estava estacionado em Fort Hood desde fevereiro, era casado e tinha filhos.
"Até o momento, não há qualquer indicação ligando esse incidente ao terrorismo, mas não descartamos nada", explicou o general Milley.
"A sequência dos acontecimentos não está 100% clara. Acreditamos que entrou em um dos prédios (da base), atirou, entrou em um veículo, atirou novamente, foi a outro prédio e voltou a atirar", relatou.
O atirador cometeu suicídio quando um agente o encontrou em um estacionamento.
O general confirmou que a arma usada no ataque foi uma pistola calibre 45 que não estava registrada na base militar - como determina o regulamento - e que foi comprada em uma loja da região.
Um comunicado da base militar, que ficou fechada durante horas após o incidente, informou que "as pessoas feridas" foram levadas para o hospital Carl R. Darnall (de Fort Hood) e para "outros hospitais locais".
De acordo com fontes não identificadas, informou a CBS News, o tiroteio começou após uma briga entre militares.