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Timor Leste depende de apoio internacional, diz premiê

Xanana Gusmão se disse determinado a manter “clima de maior esperança do povo”

Xanana Gusmão, primeiro-ministro do Timor Leste: país está independente há 11 anos (Antonio Cruz/ABr)

Xanana Gusmão, primeiro-ministro do Timor Leste: país está independente há 11 anos (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 14h45.

Brasília – O primeiro-ministro do Timor Leste, Xanana Gusmão, vincula o desenvolvimento do seu país a investimentos do Brasil e do restante da comunidade internacional. Segundo ele, o Timor quer deixar o passado de “país de conflitos” para ingressar em uma nova etapa da história.

Determinado a manter o que chamou de “clima de maior esperança do povo”, Xanana esteve ontem (3) com a presidenta Dilma Rousseff e assinou uma série de acordos de cooperação. Após a reunião, o primeiro-ministro concedeu à TV Brasil uma entrevista exclusiva, que vai ao ar hoje (4), às 21h, no Repórter Brasil. Depois da entrevista, Xanana viajou para São Paulo, onde marcou reuniões com empresários na tentativa de firmar parcerias para investimentos no Timor.

O primeiro-ministro lembrou que há 13 empresas brasileiras atuando na Líbia – país que vive um momento de instabilidade causado pelos conflitos entre forças de oposição e de apoio ao governo de Muammar Kadafi –, o que mostra, segundo ele, que os empresários do Brasil podem também investir no Timor. “Viemos dizer que há oportunidades também no Timor. Estamos abertos a todos os investimentos estrangeiros porque isso que é necessário para criar empregos e desenvolvimento.”

Independente há apenas 11 anos, o Timor Leste ficou sob a guarda, inicialmente, de Portugal e, depois da Indonésia. Internamente, é uma região de conflitos entre grupos políticos. Atentados e ameaças são constantes no país. Porém, Xanana disse que o Timor vive uma fase pacífica e que há um clima de mudanças.


“Ao mesmo tempo em que viemos com um programa de mudanças, de mudanças urgentes, para poder atuar de maneira séria para que nunca mais o Estado caia como no passado de crises”, disse o primeiro-ministro. “Conseguimos criar um precedente político de grande importância: seguir todos os preceitos legais para depois decidir o que fazer e foi isso que ajudou a produzir o pacote de reformas. Hoje há um clima de maior esperança do povo.”

Em 2006, houve uma greve geral no Timor que provocou a demissão em massa de servidores de várias áreas, inclusive de militares das Forças Armadas. Para Xanana, a experiência teve o saldo positivo de ensinar a sociedade timorense a buscar a capacitação e se unir. “Na crise em 2006, as instituições políticas do Estado não tiveram a capacidade política de se juntar, de debater e falar e de combater as raízes dos problemas”, disse.

Segundo Xanana, a missão que desempenha externamente é também de mostrar à comunidade internacional que o Timor superou essa etapa. “Vim apresentar [no Brasil] a situação atual do país. O Timor Leste ficou conhecido como o país de conflitos. Mas tentamos resolver”, afirmou.

Atualmente, o Brasil coopera com o Timor em várias áreas. Mas os destaques se concentram em educação e Justiça. Professores brasileiros foram enviados ao país asiático para ensinar o idioma, mas agora o governo timorense quer ampliar a parceria para qualificar as universidades da região. Na Justiça, o sistema brasileiro virou modelo.

Bem-humorado, Xanana disse que o Timor Leste apoia integralmente a candidatura brasileira para uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Se houvesse 1.000% de possibilidade, eu diria que seria com 1.000% [que o Brasil teria o apoio do Timor]”, afirmou ele. Até o final deste ano, o Brasil ocupa um assento provisório no órgão.

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