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América Latina não é mais `quintal do mundo´

Segundo a revista, o Brasil, em especial, vai muito bem, por ter se beneficiado da inclusão aos BRICs, além de seu PIB ser 40% produzido no próprio país

Embarque em navios no porto do Rio de Janeiro, destinados à exportação (Antonio Scorza/AFP)

Embarque em navios no porto do Rio de Janeiro, destinados à exportação (Antonio Scorza/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2010 às 18h13.

Londres - A América Latina já não é o "quintal de ninguém", afirma a revista britânica The Economist em uma reportagem especial dedicada à ascensão da região.

Ao longo de 14 páginas, o prestigiado semanário britânico examina os motivos da região para celebrar, especialmente no âmbito econômico, e os desafios que precisa enfrentar para continuar progredindo, indicando que tudo deve ser "menos complicado" - referindo-se a uma América Latina sem ditaduras e à estabilização das economias após a crise da dívida de 1982.

O Brasil, sugere a matéria, beneficiou-se de sua inclusão pelo economista Jim O'Neil, do banco de investimentos Goldman Sachs, no grupo BRIC, junto com Rússia, Índia e China. A revista também destaca o crescimento do país, que desde 2007 destacou-se da média latino-americana, e o fato de que 40% do PIB da região é produzido dentro das fronteiras brasileiras.

Entre as conquistas latino-americanas, a The Economist destaca a "forte recuperação" depois da crise econômica e financeira de 2008/2009, da qual o subcontinente foi, pela primeira vez, apenas "uma testemunha inocente, não um protagonista", com um crescimento regional projetado para este ano de 5% em média.

O renascimento econômico se caracteriza também pelas dezenas de milhões de pessoas que saíram da pobreza nos últimos anos - apenas da região continuar sendo a mais desigual do mundo - e pela queda nas taxas de desemprego, além do crescente interesse das multinacionais, em particular por seus vastos recursos naturais.

A revista adverte, no entanto, que a região corre o risco de "cair na autocomplacência".


O risco se deve ao fato de que, embora a produtividade latino-americana "cresça mais rápido do que em qualquer outro lugar", a região "não poupa nem investe o suficiente". Além disso, estima o texto, seus governantes deveriam se esforçar mais para educar e inovar, assim como para melhorar o sistema de saúde pública.

Somam-se a estes outros problemas graves, como a corrupção e a violência, ilustradas pelas "alarmantes" taxas de criminalidade registradas por alguns países.

A The Economist considera ainda que uma "melhoria" das relações com os Estados Unidos facilitaria a concretização das reformas necessárias nos âmbitos citados.

A postura americana, no entanto, também precisa mudar, segundo o semanário: com uma população de 50 milhões de latinos, os Estados Unidos desenvolveram muitos "temores sobre o crime e a migração, que o levaram a se concentrar mais nos riscos da relação com seus vizinhos do que nas oportunidades".

"Depois de dois séculos deixados de lado, o sul e o centro das Américas estão finalmente cumprindo seu potencial. Para ajudar a consolidar este êxito, seus primos do norte devem construir pontes, não muros", conclui.

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