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Thatcher divide Grã-Bretanha na morte, assim como em vida

Flores se acumulavam na residência londrina de Thatcher, mas no extremo oposto do espectro político, esquerdistas planejavam festas para comemorar sua partida


	Em Brixton, inimigos declarados da Dama de Ferro planejavam uma grande festa para a noite desta segunda-feira, com presença confirmada de mais de 600 pessoas no Facebook
 (AFP)

Em Brixton, inimigos declarados da Dama de Ferro planejavam uma grande festa para a noite desta segunda-feira, com presença confirmada de mais de 600 pessoas no Facebook (AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2013 às 14h46.

Londres - Bandeiras foram hasteadas a meio-mastro esta segunda-feira no Parlamento britânico após a morte de Margaret Thatcher, enquanto flores se acumulavam na residência londrina daquela que ficou conhecida como "Dama de Ferro", mas no extremo oposto do espectro político, esquerdistas planejavam alegremente festas para comemorar sua partida.

Nas ruas do distrito financeiro de Londres, que teve seu poder alimentado pela desregulamentação do setor financeiro empreendida por Thatcher, muitas pessoas reagiram com assombro à notícia da morte da ex-primeira-ministra conservadora.

"É uma pena, uma grande pena. É uma boa mulher", lamentou Alan Whiteford, funcionário de uma firma de advocacia.

"É um dia triste", emendou o banqueiro Nick Daking.

Na antiga casa de Thatcher, no centro de Londres, uma pilha de flores se acumulava na entrada.

"A maior líder britânica e uma verdadeira dama", dizia um cartão. "Você faz a Grã-Bretanha ser o que é".

Mas na cidade de Brixton, no extremo sul de Londres, inimigos declarados da Dama de Ferro planejavam uma grande festa para a noite desta segunda-feira, com presença confirmada de mais de 600 pessoas no Facebook.

Mineiros de carvão foram alguns dos maiores adversários de Thatcher durante o período em que ela foi chefe de governo, entre 1979 e 1990, e para um líder veterano dos mineiros que celebrou seu aniversário nesta segunda-feira, sua morte foi a cereja do bolo.

"Estou bebendo a isto neste exato momento", disse à AFP, com alegria indisfarçável, David Hopper, secretário regional do Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM) no nordeste da Inglaterra.


"É um dia maravilhoso. Estou contentíssimo. Hoje é meu aniversário de 70 anos e é um dos melhores dias da minha vida", acrescentou.

Outros da esquerda também enalteceram a partida de Thatcher como um motivo de comemoração.

"Ficaremos felizes em vê-la pelas costas", declarou à AFP Judith Orr, editora do jornal semanal de extrema-esquerda Socialist Worker.

"Ela arruinou as vidas de dezenas de milhões de pessoas da classe trabalhadora na Grã-Bretanha", afirmou.

"E ela tinha prazer na guerra. Foi ela quem disse que nós deveríamos nos alegrar com o afundamento do Belgrano, com a morte de centenas de jovens recrutas argentinos", acrescentou, referindo-se ao afundamento do cruzador general Belgrano, em maio de 1982, durante a guerra das Malvinas.

"Aquele foi um de seus momentos mais desagradáveis, mas há uma longa lista de crimes", prosseguiu.

O ativista dos direitos humanos Peter Tatchell descreveu a Dama de Ferro como "extraordinária, mas sem coração", afirmando que ela estava no comando quando a base fabril britânica foi dizimada e foi introduzida "a primeira nova lei anti-gay da Grã-Bretanha em 100 anos", denominada de Seção 28.

No entanto, ele reconheceu que, como primeira mulher até hoje a ocupar o posto de primeira-ministra da Grã-Bretanha, ela atingiu algo significativo.

"Pode-se dizer a favor dela que ela quebrou o telhado de vidro sexista da política e chegou ao topo em um domínio masculino", acrescentou.

Um narciso solitário foi colocado aos pés da estátua de Thatcher em frente à Câmara dos Comuns, câmara baixa do Parlamento, com um cartão trazendo os dizeres: "Você foi uma inspiração para as mulheres".


Na internet, as reações à morte de Thatcher também foram misturadas.

"Uma grande dama", escreveu o magnata da tecnologia Alan Sugar. "Ela mudou a face da política britânica, criou oportunidades para todos sucederem no Reino Unido. Descanse em paz", acrescentou.

Até mesmo o cantor Harry Styles, da 'boy band' One Direction prestou tributo a Thatcher postando no Twitter "Descanse em paz, baronesa Thatcher", mas o comentário deixou muitos de seus jovens fãs, nascidos após a primeira-ministra deixar o poder, confusos a respeito de quem estava falando.

Outros não se contiveram em condenar Thatcher, horas após sua morte.

"Que ela queime no inferno", escreveu no Twitter o advogado e ativista de esquerda George Galloway.

"Gostaria que houvesse uma estátua de Margaret Thatcher em Glasgow", postou o humorista escocês Robert Florence. "Gostaria de ser visto no noticiário derrubando-a e acertando-a com meus sapatos", emendou.

Muitos daqueles que comemoram seu falecimento marcaram seus 'tweets' com a hashtag #nowthatchersdead, semeando o pânico entre os fãs da cantora americana Cher, já que alguns leram "Now that Cher's dead" (Agora que Cher morreu).

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