Agência de notícias
Publicado em 23 de agosto de 2025 às 13h07.
Legisladores do estado do Texas aprovaram neste sábado um novo mapa eleitoral projetado para ajudar o Partido Republicano a manter o controle do Congresso dos Estados Unidos nas eleições legislativas de 2026. Os senadores aprovaram o mapa em uma votação dividida por uma linha partidária 18-11 após mais de oito horas de debates, e apesar da tentativa de uma senadora democrata de bloquear a votação. Agora, o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, deverá sancionar o novo mapa para que entre em vigor.
O presidente americano, Donald Trump, pressionou a maioria republicana nas Câmaras legislativas do Texas a modificar os distritos eleitorais do estado para reduzir as chances dos democratas assumirem o controle da Câmara dos Representantes federal nas eleições legislativas de 2026, que terá sua composição parcialmente renovada.
Este pleito será crucial para a segunda metade do mandato do magnata, que busca consolidar a estreita maioria republicana atual na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) para continuar implementando sua agenda política. Os democratas esperam, por sua vez, que a baixa popularidade de Trump os ajude a tomar o controle da Câmara baixa do Congresso.
Para garantir que isto não ocorra, o presidente americano quer redesenhar os distritos eleitorais dos estados republicanos em favor dos candidatos conservadores e em detrimento dos democratas.
Desta forma, o Texas recorreu à técnica conhecida como "gerrymandering", que consiste na manipulação de distritos eleitorais. Este processo obteve um novo e desigual desenho que deve permitir à direita americana obter até cinco assentos adicionais no Congresso.
No Texas, os legisladores democratas consideraram a manipulação dos distritos eleitorais como uma tentativa de neutralizar o voto afro-americano, violando a Lei de Direito ao Voto. Esta legislação, uma importante lei de direitos civis aprovada em 1965, tinha como objetivo evitar que os estados do sul privassem os afro-americanos do direito ao voto.
— Estou convencido de que, se o Texas não tomar essa medida, há um risco extremo de que a maioria republicana se perca — disse o senador estadual Phil King durante o debate na sexta-feira, afirmando em vários momentos que não "analisou nenhum dado racial". — Este mapa é legal em todos os aspectos.
Por sua vez, os democratas, minoria na legislatura do Texas, acreditam que os republicanos locais querem silenciar os eleitores de minorias através de "manipulações racistas" dos distritos eleitorais. Segundo argumentaram, o novo mapa eleitoral diluiria os votos dos eleitores negros e latinos, que tradicionalmente votam mais nos democratas. Eles prometeram entrar com uma ação judicial contra o mapa após sua adoção.
A manipulação dos republicanos provocou uma grande polêmica no país e fez com que na Califórnia, o estado mais populoso dos EUA, os democratas respondessem com a mesma estratégia. Neste estado, o governador Gavin Newsom, que afirma ser o principal opositor de Trump no campo democrata, propôs um mapa eleitoral que daria ao seu partido até cinco assentos a mais para minar a iniciativa texana.
Na última quinta-feira, a legislatura estadual da Califórnia aprovou o plano por esmagadora unanimidade. O Legislativo também aceitou a organização de um referendo em novembro para consultar se os eleitores desejam modificar temporariamente os limites de seus distritos eleitorais até 2030.
— Estamos respondendo ao que aconteceu no Texas — disse Newsom em uma entrevista ao podcaster David Pakman. — Quais evidências de autoritarismo são necessárias? Estes caras não brincam (...) as pessoas devem acordar e abrir os olhos.
O ex-presidente democrata Barack Obama elogiou a decisão da Califórnia como uma resposta "inteligente e equilibrada" às ações de Trump.
Outros estados também buscam modificar seus mapas eleitorais para dar vantagem ao partido majoritário nas eleições de 2026. Além do Texas, o presidente republicano quer redistribuir os distritos eleitorais dos estados de Indiana, Ohio e Missouri, onde mais cadeiras podem ser retiradas dos mapas que já favorecem o Partido Republicano. O presidente republicano da Câmara da Flórida também prometeu inscrever seu estado na disputa.
Para a governadora democrata de Nova York, Kathy Hochul, este é o "último suspiro de um partido desesperado que se agarra ao poder". Ela alertou Trump por meio de um comunicado que "o enfrentaria no mesmo campo e o venceria em seu próprio terreno", assim como a Califórnia.
Eleições de meio de mandato quase sempre favorecem o partido fora do poder na Casa Branca. Mesmo sem os estados com maior probabilidade de redistribuição — Texas, Califórnia, Missouri, Indiana e Ohio —, 27 cadeiras na Câmara que foram decididas por menos de cinco pontos percentuais em 2024 permanecerão em disputa; 14 delas são ocupadas por republicanos. Mas o espasmo do redistritamento pode tornar a Câmara ainda mais ferozmente partidária do que é agora, à medida que ambos os partidos tentam tomar assentos de seus rivais.
Independentemente disso, a aprovação do mapa do Texas foi uma grande vitória para Trump. Newsom pode ter anulado numericamente as conquistas do presidente no Texas, mas ainda enfrenta uma campanha para que seus mapas sejam aprovados pelos eleitores que apoiaram majoritariamente a comissão apartidária de redistritamento que o novo mapa substituiria temporariamente.