Atleta paralímpico Oscar Pistorius durante julgamento: Segundo Stipp, Pistorius lhe confessou ser o autor dos tiros. "Achei que ela era um ladrão e atirei nela", teria dito o atleta logo depois do crime (Alon Skuy/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2014 às 14h32.
Pretória - Uma das primeiras pessoas a chegar à casa onde o ex-atleta Oscar Pistorius atirou na sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, disse na quinta-feira a um tribunal que temeu que Pistorius cometesse suicídio com a mesma arma.
Depondo no quarto dia do julgamento do ex-velocista paraolímpico, o vizinho John Stipp disse que entrou na casa de Pistorius minutos depois de ouvir gritos e estampidos, e então encontrou o atleta debruçado sobre o corpo inerte de uma mulher.
Segundo Stipp, Pistorius lhe confessou ser o autor dos tiros. "Achei que ela era um ladrão e atirei nela", teria dito o atleta logo depois do crime, ocorrido no ano passado.
O depoente, que é médico, disse que ainda tentou reanimar Steekamp, de 29 anos, que levou três tiros, inclusive um na cabeça. "Oscar estava chorando o tempo todo. Ele rezava a Deus: "Por favor, deixe-a viver, ela não deve morrer'", contou.
Pistorius se declara inocente, mantendo a versão de que a confundiu com um invasor e alegando que se tratou de um trágico equívoco.
Em seu depoimento, Stipp disse que, momentos após o crime, Pistorius foi ao segundo andar da casa, induzindo o médico a temer que o atleta fosse se matar. "Era óbvio que Oscar estava emocionalmente muitíssimo abalado. Não sabia da situação na casa, então achei que ele fosse se machucar." Pistorius, que teve as duas pernas amputadas quando bebê, se tornou uma celebridade mundial correndo sobre próteses de fibra de carbono, chegando a disputar a semifinal dos 400 metros na Olimpíada de Londres-2012, entre atletas sem deficiência.
Bonito e sorridente, era o sonho de qualquer patrocinador, mas desde a morte de Steenkamp, no dia de São Valentim (Dia dos Namorados em vários países) do ano passado, um lado diferente da sua personalidade midiática veio à tona.
Na quarta-feira, uma testemunha disse no julgamento que Pistorius já havia acidentalmente disparado uma pistola sob a mesa de um restaurante lotado, bem ao lado de uma criança, e então pediu a um amigo que assumisse a culpa.
A promotoria usa esse incidente para tentar demonstrar que Pistorius é um sujeito irritadiço e obcecado por armas. Se condenado por homicídio doloso (intencional) ele pode pegar pelo menos 25 anos de prisão.
Outras testemunhas relataram ter ouvido gritos apavorados de uma mulher antes dos disparos.