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Teste inesperado com míssil acirra tensões sobre Síria

Teste de Israel financiado pelos EUA sem qualquer aviso prévio levou a uma detecção por parte da Rússia que colocou o mundo em alerta


	Navio norte-americano no Mar Vermelho: navios de países ocidentais têm se posicionado no Mediterrâneo e no mar Vermelho desde ataque com armas químicas na Síria
 (Hugh Gentry/Reuters)

Navio norte-americano no Mar Vermelho: navios de países ocidentais têm se posicionado no Mediterrâneo e no mar Vermelho desde ataque com armas químicas na Síria (Hugh Gentry/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 10h23.

Jerusalém/Moscou - Israel testou um sistema antimísseis financiado pelos EUA no Mediterrâneo nesta terça-feira sem qualquer aviso prévio, o que levou a uma detecção por parte da Rússia que colocou o mundo em alerta, uma vez que os Estados Unidos se preparam para uma possível ação militar na Síria.

O lançamento ocorrido pela manhã foi noticiado primeiramente pela mídia russa, que citou autoridades do Ministério da Defesa dizendo que dois "objetos" balísticos tinham sido lançados do centro do Mediterrâneo para o leste do mar -- praticamente na direção da Síria.

A notícia abalou os mercados financeiros até que o Ministério da Defesa de Israel anunciou ter feito, junto com o Pentágono, um teste do míssil Sparrow. O Sparrow, que simula os mísseis de longo alcance da Síria e do Irã, é usado para exercícios com alvos para o sistema antimísseis israelense Arrow, apoiado pelos EUA.

"Israel rotineiramente lança mísseis ou drones (aeronaves não tripuladas) para testar sua própria capacidade de defesa balística", disse uma fonte norte-americana em Washington.

Navios de países ocidentais têm se posicionado no Mediterrâneo e no mar Vermelho desde um ataque em 21 de agosto com armas químicas que matou centenas de civis na Síria. Os EUA acusam o presidente sírio, Bashar al-Assad, de responsabilidade pelo uso de gás venenoso na guerra civil que já dura dois anos e meio.

O governo sírio nega responsabilidade pelo incidente. O presidente dos EUA, Barack Obama, deve ordenar em breve um ataque à Síria em represália pelo uso de armas químicas, mas aguarda primeiro o apoio de parlamentares norte-americanos.


O ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, minimizou uma pergunta de repórteres sobre se o lançamento não teria ocorrido num momento inoportuno. Ele disse que Israel tem que trabalhar para manter sua vantagem militar e "isso implica testes de campo e, consequentemente, um teste bem-sucedido foi realizado para testar os nossos sistemas. E vamos continuar a desenvolver e a pesquisar e a equipar as Forças de Defesa de Israel com os melhores sistemas do mundo." O Ministério da Defesa israelense disse ter realizado o disparo às 9h15 (3h15 em Brasília), aproximadamente a mesma hora em que o radar russo detectou o lançamento.

"A trajetória desses objetos vai da parte central do mar Mediterrâneo na direção da parte leste da costa do Mediterrâneo", disse um porta-voz do ministério russo da Defesa à agência Interfax.

O porta-voz disse que o lançamento foi detectado por uma estação de radar em Armavir, perto do mar Negro, capaz de observar lançamentos feitos numa área que vai da Europa ao Irã.

A Rússia se opõe a uma intervenção militar externa na guerra civil síria, e um funcionário do Ministério da Defesa havia anteriormente criticado os Estados Unidos por mobilizarem navios militares no Mediterrâneo, perto da costa síria.

A Rússia, principal aliada de Assad no cenário externo, diz suspeitar que o ataque tenha sido cometido por rebeldes, para provocar uma intervenção militar externa.

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