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Terrorismo volta aos EUA com massacre em boate de Orlando

O massacre de Orlando aconteceu no momento em que a campanha para a eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, começa a ficar mais intensa


	Orlando: o massacre aconteceu no momento em que a campanha para a eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, começa a ficar mais intensa
 (Getty Images/Gerardo Mora/Getty Images)

Orlando: o massacre aconteceu no momento em que a campanha para a eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, começa a ficar mais intensa (Getty Images/Gerardo Mora/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2016 às 09h12.

A estratégia antiterrorista dos Estados Unidos voltou a ser questionada, depois do massacre de 50 pessoas em uma boate gay de Orlando, executado na madrugada deste domingo por um homem conhecido pelo FBI por seus vínculos com o islamismo radical.

O ataque aconteceu na discoteca Pulse, que celebrava uma noite latina com apresentações de drag-queens. As autoridades da cidade do estado da Flórida já conseguiram identificar 21 vítima fatais, em sua maioria com sobrenomes latinos.

A rádio do grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta segunda-feira o ataque, confirmando o que havia sido antecipado no domingo pela agência Amaq, ligada à organização, e apresentou Omar Mateen como "um dos soldados do califado nos Estados Unidos".

"Deus permitiu ao irmão Omar Mateen, um dos soldados do califado nos Estados Unidos, lançar uma ghazwa (termo islâmico para designar um ataque) em uma discoteca de sodomitas na cidade de Orlando, conseguindo matar e ferir mais de 100 deles", afirma o boletim da Rádio Al-Bayan do EI.

Um dos feridos, Ángel Colón Jr, de 26 anos, descreveu ao pai um agressor frio, que atuou de forma metódica até a invasão do local por uma equipe das forças especiais, que enfrentou o criminoso até sua morte.

"Passava diante da cada pessoa que estava deitada no chão e atirava, para ter certeza da morte", disse o pai, Ángel Colón, ao sair do hospital Orlando Regional Medical Center.

O depoimento lembra o que aconteceu em 13 de novembro do ano passado na casa de espetáculos Bataclan de Paris, onde 90 pessoas morreram em uma tomada de reféns seguida por uma invasão das forças de segurança.

No massacre de Orlando morreram pelo menos 50 pessoas e outras 53 ficaram feridas.

"Sabemos o suficiente para dizer que este foi um ato de terrorismo e um ato de ódio", disse o presidente Barack Obama.

O FBI prossegue com as investigações sobre o autor do ataque, Omar Mateen.

Líderes muçulmanos dos Estados Unidos, o Papa Francisco e governantes de todo o mundo condenaram o ataque, o mais grave ato terrorista em território americano desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

De forma simbólica, a Torre Eiffel de Paris será iluminada nesta segunda-feira com as cores da bandeira do arco-íris do movimento LGBT.

O FBI admitiu que Omar Mateen, de 29 anos, havia sido investigado por seus contatos com um terrorista americano.

O agente especial do FBI Ronald Hopper também disse que antes de atacar a boate gay de Orlando, Mateen ligou para o número de emergência 911 e expressou lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI).

Nascido em Nova York em 1986, Mateen é filho de afegãos e morava em Port St. Lucie, Flórida, a duas horas de carro de Orlando

O pai afirmou que o filho agiu motivado pela homofobia.

"Isto não tem nada a ver com religião", disse ao canal NBC News.

FBI investiga

A ex-esposa de Mateen, que se divorciou em 2011, disse que ele era violento e controlador, mas não especialmente religioso.

Mas o agente Hopper do FBI disse que a conduta de Mateen provocou suspeitas nos últimos anos.

Em 2013 ele foi investigado por ter feito comentários a colegas de trabalho que davam a entender sua familiaridade com o terrorismo.

Em 2014 voltou a ser interrogado por investigadores por sua relação com Moner Mohammad Abusalha.

Abusalha ganhou notoriedade quando se tornou o primeiro cidadão americano a cometer um ataque suicida na Síria. Ele era considerado um integrante de uma organização aliada da Al-Qaeda.

"Determinamos que o contato havia sido mínimo e naquele momento não constituía uma relação propriamente dita ou uma ameaça", afirmou Hopper.

Resgate de reféns

O massacre de Orlando aconteceu no momento em que a campanha para a eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, começa a ficar mais intensa.

A candidata democrata Hillary Clinton adiou um evento de campanha previsto com o presidente Obama e escreveu no Twitter que seus pensamentos "estão com todos os afetados por este ato horrível".

Seu rival republicano Donald Trump não perdeu tempo em afirmar que tem razão quando diz que a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos deve ser proibida.

Trump pediu a Obama que renuncie por não ter atribuído o massacre ao "islã radical" e programou um discurso sobre segurança para esta segunda-feira.

A tragédia na boate Pulse durou três horas a partir das 2H00 (3H00 de Brasília) de domingo, quando o barulho dos tiros começou a ressoar entre a música alta.

A polícia informou que o criminoso tinha um fuzil e uma pistola.

Imediatamente, um policial que trabalhava no local respondeu e, ao lado de outros dois agentes, trocou tiros com Mateen.

Uma viatura policial avançou contra uma parede e invadiu o local. Mais agentes entraram no tiroteio, que terminou com a morte do criminoso.

As autoridades ainda não determinaram quantas pessoas foram mortas por Mateen ou se algumas foram vítimas do fogo cruzado durante o ataque.

Cenas de terror

As testemunhas descreveram o cenário, com corpos caindo e sangue por todos os lados.

"Era um completo caos", disse à AFP Janiel Gonzalez.

"As pessoas gritavam 'socorro, socorro, estou preso' e umas pisavam nas outras", afirmou o jovem.

O massacre, que aconteceu no mês do Orgulho Gay nos Estados Unidos, deixou sombras sobre a tradicional desfile gay de Los Angeles, que aconteceu como estava previsto, mas com a a multidão abatida pela tragédia de Orlando.

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