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Termina investigação na França sobre acidente do voo Rio-Paris de 2009

Em 1º de junho de 2009, um Airbus A330 da Air France caiu no oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo

Um grupo de mergulhadores recupera parte do avião da Air France A330 acidentado no oceano Atlântico, em 1º de junho de 2009 (AFP/AFP)

Um grupo de mergulhadores recupera parte do avião da Air France A330 acidentado no oceano Atlântico, em 1º de junho de 2009 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 15 de março de 2019 às 11h40.

Quase dez anos depois do acidente de um voo da Air France que cobria a rota Rio-Paris, os juízes de instrução franceses terminaram suas investigações, e as famílias das 228 vítimas esperam agora que isso leve à abertura de um julgamento contra a companhia aérea e contra o fabricante europeu Airbus, por homicídio culposo.

"Temos um primeiro informe que aponta claramente para a Air France e Airbus, e um contrainforme que aponta de maneira vergonhosa para os pilotos", disse à AFP Sébastien Busy, advogado das partes civis.

"Uma discrepância semelhante justifica um debate em um tribunal", afirmou Busy.

Os juízes de instrução que investigam este acidente informaram as partes civis, em 18 de fevereiro, sobre a conclusão de suas investigações.

Esta decisão abre um prazo de três meses, durante o qual as partes civis podem fazer observações, ou solicitar que se investiguem novos elementos. Depois disso, a Procuradoria de Paris poderá fazer suas acusações e, eventualmente, iniciar um julgamento.

Em 1º de junho de 2009, um Airbus A330 da Air France caiu no oceano Atlântico. Os 228 passageiros e membros da tripulação, de 34 nacionalidades, morreram no acidente, o pior da história da companhia francesa.

O elemento que deflagrou o acidente foi o congelamento de sondas do lado externo do aparelho - as sondas Pitot. Isso alterou as indicações sobre velocidade, desorientando os pilotos, até que a aeronave caiu no oceano.

Especialistas travam uma batalha sobre as responsabilidades na série de incidentes que levou à tragédia. Uma batalha na qual, segundo as partes civis, também há pressões econômicas.

Reação inadequada?

Em 2012, um primeiro informe apontava falhas da tripulação, problemas técnicos e falta de informação para os pilotos em caso de congelamento da sonda, apesar de a Airbus ter conhecimento de vários incidentes similares anteriores.

O construtor solicitou, então, um contrainforme que concluiu que houve uma "reação inadequada da tripulação" e erros por parte da Air France.

Considerando que era muito favorável à Airbus, os familiares das vítimas e a companhia contestaram este informe na corte de apelações de Paris, que ordenou sua anulação e a abertura de uma investigação.

Um último informe, entregue em dezembro de 2017, voltou a causar indignação das partes civis. Neste documento, os especialistas reafirmam que a "causa direta" do acidente "resulta das ações inadaptadas no piloto automático" da tripulação.

As famílias temem que a Airbus use essa perícia, que aponta para a responsabilidade dos pilotos, para evitar ser condenada.

As famílias "esperam com impaciência e determinação um julgamento, no qual Airbus e Air France se expliquem sobre suas respectivas responsabilidades", declarou Entraide e a Solidarité AF447, a principal associação de familiares das vítimas.

Em seu comunicado, essa associação se referiu ainda ao acidente de domingo da Ethiopian Airlines, que deixou 157 mortos, apontando que se tratou também de um problema de "sondas relacionadas com automatismos informáticos".

"Os aviões escapam ao controle humano. Os pilotos devem, como último recurso, administrar o inadministrável", condenou a associação.

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