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Tepco sela vazamento de água radioativa para o oceano

Apesar de a empresa ter conseguido impedir vazamento, plutônio foi detectado no solo de 4 locais da usina

Técnicos trabalham para conter radiação em Fukushima: acidente deve custar caro à Tepco (Divulgação/Tepco)

Técnicos trabalham para conter radiação em Fukushima: acidente deve custar caro à Tepco (Divulgação/Tepco)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2011 às 11h59.

Tóquio - Os operários conseguiram selar um vazamento de água altamente radioativa para o oceano frente à usina de Fukushima (nordeste do Japão), mas os despejos voluntários continuaram nesta quarta-feira e aumentavam o risco de contaminação da cadeia alimentar marinha.

Depois de vários dias de esforços infrutíferos para tampar uma brecha de 20 cm em uma fossa técnica situada à beira do Pacífico, os técnicos encontraram uma solução de cristal solúvel (silicato de sódio), um agente químico que tem a propriedade de solidificar-se ao entrar em contato com a água.

Um volume importante de água altamente radioativa, proveniente do reator 2, escapava num ritmo de sete toneladas por hora, e este vazamento motivou um aumento importante do índice de iodo 131 radioativo nas mostras de água marinha da central.

Esta interrupção de vazamento foi a primeira boa notícia em quase quatro semanas para a Tokyo Electric Power (Tepco), a operadora e dona da central nuclear Fukushima Daiichi (Nº 1) gravemente danificada pelo terremoto e tsunami de 11 de março.

No entanto, foi detectado plutônio em quantidade ínfima no solo em quatro locais da usina, pela segunda vez em alguns dias.

Além disso, a Tepco avalia injetar nitrogênio no reator 1 para evitar uma possível explosão causada pelo acúmulo de hidrogênio.

Os especialistas presentes na central temem que a quantidade de hidrogênio continue aumentando até provocar uma explosão por contato com o oxigênio do ar.

Explosões de hidrogênio já afetaram gravemente o edifício externo de dois dos seis reatores de Fukushima Daiichi (N.1), mas sem afetar o núcleo central da instalação, após o terremoto e tsunami de 11 de março.


"Contemplamos injetar nitrogênio no prédio do reator 1 porque, possivelmente, há um acúmulo de hidrogênio", afirmou uma fonte da empresa.

O acidente em Fukushina, o mais grave desde o de Chernobyl há 25 anos, vai custar muito caro para a principal empresa elétrica do Japão em termos de indenização das pessoas e empresas prejudicadas.

A Tepco registrou uma queda de 6,9% nesta quarta-feira, a 337 ienes, o pior nível da empresa no índice Nikkei da Bolsa de Tóquio.

Além disso, a companhia pagará um milhão de ienes (11.800 dólares) por residência como indenização às milhares de famílias que foram retiradas das proximidades da central nuclear, segundo a imprensa japonesa.

A Tepco estuda as modalidades para indenizar as 80.000 pessoas obrigadas a abandonar suas casas em um raio de 20 km ao redor da central em consequência do perigo radioativo, de acordo com o canal público NHK.

O ministro do Comércio, Banri Kaieda, deseja que a indenização, que não será definitiva, seja efetuada rapidamente.

A operadora terá que calcular ainda com o governo as enormes indenizações que deverá pagar às empresas, agricultores e pescadores afetados pelo acidente nuclear.

O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou que "a indústria pesqueira, muito afetada pelo acidente, será incluída, evidentemente, nas compensações".

A pesca está proibida em um raio de 20 quilômetros ao redor da central. Também foi afetada pelos vazamentos para o mar de água radioativa.

O risco de contaminação do meio ambiente marinho, no entanto, ainda não está descartado, segundo os especialistas.

As operações de despejo no mar de 11.500 toneladas de água levemente radioativa, segundo a Tepco, continuavam nesta quarta-feira pelo terceiro dia consecutivo, a apenas 250 km de Tóquio e seus 35 milhões de habitantes.

O despejo desta água no oceano, onde teoricamente elementos radioativos devem se diluir, é necessário para liberar as piscinas de armazenamento e enchê-las de água altamente radioativo que se acumulou nas instalações e galerias técnicas dos reatores 2 e 3.


Esta água contaminada contém iodo 131, cuja duração de vida se reduz pela metade a cada oito dias, e principalmente o césio 137, que permanece ativo dezenas de anos.

Os especialistas temem que a cadeia alimentar marinha se contamine a partir do plâncton consumido pelos peixes.

Para tranquilizar a população, o governo fixou um índice máximo de radioatividade para os produtos do mar, similar ao estabelecido para verduras e legumes.

Além dos 2.000 becquerels/kg para o iodo 131 e 500 becquerels para o césio 137, o pescado será considerado impróprio para o consumo.

Os despejos de água contamina já começam a afetar as exportações japonesas. A Índia proibiu totalmente as importações de produtos japoneses por três meses.

China, Taiwan, Cingapura, Rússia e Estados Unidos também limitaram suas importações, assim como a União Europeia introduziu controles para a entrada desses produtos.

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