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Tepco no banco dos réus por mentir em relatórios nucleares

Operadora da usina de Fukushima demitiu seu diretor geral e o braço direito

Funcionários da Tepco em entrevista coletiva: após evitar a tragédia, empresa deve ser investigada (Jiji Press/AFP)

Funcionários da Tepco em entrevista coletiva: após evitar a tragédia, empresa deve ser investigada (Jiji Press/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 13h29.

Osaka, Japão - Dez dias antes do acidente na central nuclear de Fukushima, a companhia Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina, admitiu que havia mentido nos relatórios de controle de suas instalações.

Dez dias antes do terremoto seguido de tsunami que arrasou o nordeste do Japão e danificou gravemente a central nuclear de Fukushima 1, a Tepco entregou às autoridades um documento no qual confessava ter manipulado os dados de controle de manutenção.

A empresa afirmava que havia inspecionado cerca de 30 peças que, na verdade, não foram checadas.

A Tepco disse que, em 11 anos, não inspecionou a peça que alimenta uma válvula de controle da temperatura do reator, apesar dos técnicos, que se contentaram em fazer apenas controles rotineiros, garantirem o contrário.

Outras peças, cujo controle não é necessariamente obrigatório, tampouco foram submetidas a uma inspeção exaustiva, sobretudo as partes ligadas ao sistema de resfriamento e ao fornecimento elétrico de emergência.

As autoridades solicitaram o relatório à Tepco justamente para saber se o procedimento padrão de segurança estava sendo respeitado.

"O plano de controle das instalações e a gestão da manutenção eram inapropriados", concluiu a Agência de Segurança Nuclear, que assegurou que "a qualidade das inspeções era insuficiente".


Antes da catástrofe, a agência reguladora do setor havia alertado a Tepco, exigindo uma mudança de comportamento e a aplicação de um novo plano de manutenção antes de 2 de junho.

A tragédia de 11 de março provocou a parada dos seis reatores da central Fukushima 1, interrompeu a alimentação elétrica, bloqueou os geradores diesel de emergência e levou ao colapso o sistema de resfriamento.

Esta cadeia de erros gerou uma série de acidentes de gravidade crescente, que as equipes da Tepco ainda combatem com a ajuda do exército e dos bombeiros para evitar que a situação em quatro dos reatores se torne totalmente incontrolável.

"Não é possível dizer em que medida as falhas constatadas sobre a manutenção e o controle das instalações influenciaram ou não a cascata de problemas originados pelo terremoto", indicou a agência.

Esta prevê abrir uma investigação exaustiva para apurar as causas da hecatombe, uma vez que a crise esteja superada. Neste momento, a prioridade é evitar o pior.

A qualidade da rede de distribuição elétrica da Tepco é, de maneira geral, de boa qualidade, já que os cortes de energia são praticamente inexistentes em Tóquio, cidade que abastece. Mas a imagem da companhia já havia sido borrada no passado por uma série de escândalos.

Em 2002, a Tepco precisou interromper temporariamente o funcionamento de seus 17 reatores nucleares de água quente (BWR), dois deles na central de Fukushima, para uma inspeção, após uma denúncia de maquiagem nos relatórios.

O caso custou o cargo do diretor geral e de seu braço direito.

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