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Tepco inicia operação mais delicada em Fukushima

A Tokyo Electric Power se prepara para retirar combustível de reator de Fukushima, uma operação que aparece como a mais delicada desde o começo da crise atômica


	Inspetores na central de Fukushima: processo se estenderá por cerca de um ano
 (Tokyo Electric Power Co/Handout via Reuters)

Inspetores na central de Fukushima: processo se estenderá por cerca de um ano (Tokyo Electric Power Co/Handout via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 08h03.

Tóquio - A Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que administra a central nuclear de Fukushima, se prepara para retirar o combustível usado do reator 4, uma operação que foi iniciada nesta segunda-feira e que aparece como a mais delicada desde o começo da pior crise atômica em 25 anos no Japão.

O processo, que se estenderá por cerca de um ano, também marca o início de uma nova fase do processo de desmantelamento da usina, que, por sua vez, deverá se estender por mais três ou quatro décadas.

As autoridades e diversas organizações ambientalistas vão acompanhar de perto as ações da Tepco, a proprietária da central, que foi duramente criticada por seus vários erros diante da crise atômica.

Às 4h18 (de Brasília) de hoje, os técnicos da Tepco começaram a transferir maços de dióxido de urânio para outro recipiente, o chamado tonel de armazenagem seco, mediante um guindaste construído especificamente para essa operação, informou a empresa em comunicado.

Segundo a Tepco, o tonel tinha sido colocado previamente dentro da piscina que guarda no total 1.533 peças de combustível, já que a operação para introduzi-las no contêiner deve ser realizada sempre embaixo d"água. Neste caso, a ideia é que o urânio permaneça refrigerado para não emitir radiação ao exterior.

De um a um e com extremo cuidado, os técnicos envolvidos na operação introduzirão combustível no tonel durante os dois próximos dias, quando este, que tem capacidade para armazenar 22 maços, já deverá estar cheio.

Posteriormente, com ajuda de outro guindaste, o tonel será tirado da piscina e levado até ao térreo do edifício do reator 4, onde será montada em um caminhão e transferida para outra piscina da usina, considerada mais segura.

A operação, que será repetida várias vezes até que se tenham retirado os 1.533 feixes de combustível, apresenta grandes desafios, já que o edifício do reator 4 sofreu uma explosão por causa da concentração de hidrogênio depois que a fábrica fosse atingida pelo terremoto e tsunami do dia 11 de março de 2011.


Este fato gera dúvidas sobre o atual estado de solidez do edifício e, além disso, evidencia o risco do cascalho caído dentro da piscina por causa da explosão se junte ao urânio durante a retirada, o que poderia provocar uma grave emissão radioativa.

"O combustível gasto tem um risco potencial enorme", disse há alguns meses o presidente da Autoridade de Regulação Nuclear japonesa (NRA), Shunichi Tanaka, que, na ocasião, afirmou estar mais preocupado com esta operação do que pelo outro problema agravante na central: o acumulo de água radioativa e os recorrentes vazamentos ao mar.

Grupos antinucleares japoneses, como o Centro de Informação Nuclear do Cidadão, denunciaram que a Tepco não está preparada para realizar este delicado procedimento e consideram que rebaixar o tonel de armazenagem seca, que pesa umas 90 toneladas quando cheio, com um guindaste é uma operação muito arriscada.

O contêiner deve descer 32 metros em vertical, desde o último andar do edifício até ao inferior, e este grupo teme o que pode acorrer se este cair com todo o urânio dentro.

Espera-se que esta operação, que é apenas a primeira passagem de um longo e complexo processo para desmontar toda a central, seja concluída no final do próximo ano.

Na sequência, a Tepco encarará um desafio ainda maior, retirar o urânio das piscinas de combustível gasto dos reatores 1 a 3.

Ao contrário do 4, estes estavam operando no momento da catástrofe e, por isso, seus núcleos fundiram parcialmente e liberaram uma enorme quantidade de radiação.

A Tepco deseja começar esse processo a partir de 2015 e, só a partir de 2020, deverá realizar a tarefa mais difícil de todas: tirar o combustível fundido de dentro dos três reatores mais afetados pela tragédia de março de 2011.

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