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Tensões entre China e EUA marcam debates durante cúpula da Asean

Os Estados Unidos acusaram a China de ser imperialista e ouviram como resposta críticas às políticas protecionistas adotadas por Trump

Guerra comercial: China negocia há anos um tratado para promover a paz e a estabilidade no Sul da Ásia (Hyungwon Kang/Reuters)

Guerra comercial: China negocia há anos um tratado para promover a paz e a estabilidade no Sul da Ásia (Hyungwon Kang/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 16h21.

Singapura - Os Estados Unidos acusaram a China de ser imperialista nesta quinta-feira e ouviram como resposta críticas às políticas protecionistas adotadas pelo presidente Donald Trump, uma das muitas discussões entre os dois países ao longo da cúpula de líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que não há espaço para "impérios e agressões" na região Indo-Pacífico, um clara alfinetada nas disputas entre os chineses com outros quatro países-membros da Asean pelo controle do Mar do Sul da China.

Principal parceiro comercial do bloco, a China negocia há anos um tratado para promover a paz e a estabilidade na região, disputada por Filipinas, Malásia, Brunei e Vietnã. Durante a cúpula, os países revelaram que uma primeira minuta do texto deve ficar pronta até o próximo ano, entrando em vigor a partir de 2021.

Substituindo Trump, Pence reafirmou as declarações do presidente americano ao destacar o compromisso dos EUA em "manter a liberdade de navegação por mar e ar" na região disputada pelos chineses.

O primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, pediu para que a região não seja militarizada, ressaltando que navios de guerra não são necessários para proteger o Mar do Sul da China, uma das principais rotas do comércio marítimo mundial e rica em recursos naturais. "Se a estratégia (americana) não inclui enviar a Sétima Frota (da Marinha), ela será bem-vinda", disse.

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, conhecido pelo tom belicista, concordou com o premiê da Malásia e afirmou que uma forte atividade militar dos americanos na região provocaria reações.

"Haveria uma resposta da China. Não me importo que todos entrem em guerra, exceto pelo fato de as Filipinas ficarem ao lado das ilhas (disputadas). Se houver um conflito, meu país será o primeiro a sofrer", disse Duterte, em um tom mais conciliador.

As discussões entre os representantes americanos e chineses na cúpula também tiveram um capítulo destinado à economia.

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, criticou o crescimento do protecionismo no comércio, uma clara referência às tarifas impostas pelo governo americano a produtos feitos no país.

"Devemos responder à complexa situação do mundo com multilateralismo e livre-comércio", defendeu o primeiro-ministro.

A China também pediu um maior esforço diplomático para concluir em 2019 a formação da chamada Associação Econômica Integral Região (RCEP), que visa reunir quase metade da população e mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em um único bloco. Caso a iniciativa avance, o grupo será formado por países da Asean, além de Austrália, Índia, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia.

"É uma aposta no livre-comércio que enviará uma mensagem positiva ao mercado para garantir um entorno estável e baseado nas leis", disse o primeiro-ministro da China durante seu discurso.

A Asean, formada por Mianmar, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã -, focou o encontro para discutir os avanços econômicos do bloco, mas não conseguiu evitar a crise humanitária dos rohingyas em Mianmar.

Mais de 720 mil integrantes desta minoria majoritariamente fugiram de Mianmar para a vizinha Bangladesh devido a uma operação militar no oeste do país. A ação foi posteriormente classificada pela ONU como uma tentativa de genocídio dos rohingyas.

"A Asean está preparada para ter um papel ativo e positivo na situação e para apoiar todas as partes a conseguir uma solução duradoura", disse o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong.

Segundo ele, a líder de fato de Mianmar, Aung San Suu Kyi, explicou a complexidade do problema aos representantes dos governos que formam a Asean e convidou o órgão humanitário do bloco a observar o retorno dos rohingyas ao país.

A operação de repatriação dos rohingyas deveria ter começado hoje, mas foram suspensas porque nenhum deles se apresentou voluntariamente para voltar para Mianmar.

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