Cristina Kirchner: presidente argentina liderou ontem à noite os festejos do aniversário democrático na Praça de Maio de Buenos Aires (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 16h36.
Buenos Aires - As autoridades provinciais argentinas e a polícia pactuaram nas últimas horas altas salariais que puseram fim aos protestos em quase todo o país e reduziram a tensão, após oito dias de conflito e violentos saques que causaram pelo menos nove mortes.
"Se resolveram todos os conflitos nas províncias argentinas. A situação está canalizada e resolvida", disse hoje à imprensa o chefe de Gabinete, Jorge Capitanich.
Horas depois, um setor da polícia na província nortista de Salta iniciou uma greve para exigir melhorias salariais e voltou a soar os alarmes pelo risco de incidentes perante a ausência de uniformizados.
A última vítima confirmada é um homem de 30 anos que morreu ontem ao ser supostamente baleado por moradores que protegiam um bairro da periferia sul de San Miguel de Tucumán, cerca de 1.100 quilômetros ao noroeste de Buenos Aires.
Com três vítimas fatais e cerca de uma centena de feridos, a província de Tucumán foi a mais afetada pelas interrupções policiais que começaram no último dia 3 de dezembro em Córdoba e se estenderam a 20 províncias do país, provocando saques e distúrbios em várias localidades.
Também se registraram mortes nas províncias de Chaco, Jujuy, Córdoba, Buenos Aires e Entre Ríos.
Os policiais tucumanos retornaram hoje a suas funções após a alta salarial pactuada com o governo provincial e a cidade recuperou progressivamente a calma, com a reabertura de escolas e edifícios públicos, que ontem permaneceram fechados, e a normalização do transporte público.
Com o retorno dos uniformizados a seu trabalho em Tucumán, desapareceram do espaço público as barricadas levantadas nas últimas duas noites por moradores, em alguns casos armados, para se proteger de ladrões e saqueadores que roubaram várias lojas da cidade.
Capitanich afirmou que os episódios de violência responderam a "uma ação premeditada com aleivosia para provocar incerteza com métodos extorsivos".
Segundo o chefe de Gabinete, o objetivo dos protestos policiais e os saques foi "atacar em essência o sistema democrático republicano, e que os argentinos não pudessem comemorar os 30 anos de democracia", que se completaram nesta terça-feira.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, liderou ontem à noite os festejos do aniversário democrático na Praça de Maio de Buenos Aires, apesar dos pedidos de vários líderes opositores para suspender o ato.