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Tendo shopping como palco, policiais e ativistas se enfrentam em Hong Kong

Carrie Lam, chefe do Executivo local, está atualmente em Pequim, onde deve se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping na segunda-feira 16

Hong Kong: manifestantes protestaram dentro de shopping centers neste fim de semana (Thomas Peter/Reuters)

Hong Kong: manifestantes protestaram dentro de shopping centers neste fim de semana (Thomas Peter/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 11h45.

Última atualização em 15 de dezembro de 2019 às 11h45.

Hong Kong -- A polícia de Hong Kong realizou, neste domingo 15, detenções e usou spray de pimenta contra manifestantes pró-democracia em centros comerciais.

Mobilizações de militantes vestidos de preto ocorreram em vários lugares. A polícia de choque usou spray de pimenta e fez prisões em pelo menos dois shopping centers, sob vaias dos presentes.

Repórteres da AFP no shopping da cidade de Shatin viram a prisão de um estudante do ensino médio e de um adolescente de 16 anos, que gritaram seus nomes quando a polícia os levou embora.

Uma senhora idosa foi derrubada no início da tarde após uma discussão que começou quando um homem tentou impedir que ativistas fizessem pichações no mesmo shopping.

Ativistas mascarados também saquearam restaurantes administrados pela Maxim's, gigante do segmento de buffets pertencente a um magnata que se tornou alvo frequente dos manifestantes porque sua filha criticou o movimento pró-democracia.

Esses distúrbios são os primeiras após três semanas de calmaria entre manifestantes e policiais, após a vitória esmagadora dos pró-democracia nas eleições locais de 24 de novembro.

A eleição era para conselhos distritais, mas acabou tendo ares de referendo sobre os protestos. Os democratas, rosto político dos manifestantes, levaram quase 90% dos 452 assentos em disputa. Carrie Lam, a pressionada governadora local que insuflou as manifestações ao tentar aprovar uma lei que permitia a extradição a Pequim, afirmou que “há várias análises a serem feitas” sobre os resultados e que apenas algumas delas mostram endosso à insatisfação dos manifestantes.

Carrie Lam está neste momento em Pequim, onde deve se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping na segunda-feira 16. Os protestos devem ser uma das principais pautas.

No sábado, a polícia anunciou a prisão de cinco adolescentes acusados de participação na morte de um homem, atingido por um tijolo na cabeça durante confrontos entre manifestantes pró e contrários ao governo em novembro.

Os três homens e duas mulheres, com idades entre 15 e 18 anos, foram detidos na sexta-feira e acusados de homicídio, distúrbios e agressões. No momento estão em prisão provisória e aguardam a investigação, de acordo com a polícia.

Em meados de novembro, um homem de 70 anos foi atingido por um tijolo na cabeça quando tentava retirar as barricadas erguidas por militantes pró-democracia.

Pelo lado dos defensores do governo de Hong Kong, cerca de 1.000 pessoas agitando bandeiras chinesas se reuniram neste domingo em um parque para apoiar a polícia da cidade.

Cinco meses de protestos

A ex-colônia britânica enfrenta desde junho a pior crise desde sua devolução à China em 1997, com atos praticamente diários para exigir reformas democráticas e pedir uma investigação sobre o comportamento da polícia.

O movimento nasceu de um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China. O texto foi retirado, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações para exigir mais democracia.

No domingo passado, cerca de 800.000 manifestantes pró-democracia, de acordo com os organizadores (183.000 segundo a polícia), realizaram passeatas sem grandes incidentes.

O movimento tem tido um grande impacto sobre o turismo e a economia do centro financeiro, que entrou em recessão. O aeroporto de Hong Kong anunciou neste domingo uma queda de 16% no número de passageiros em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado.

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