Campanha que elegeu Dilma Rousseff como nova presidente do Brasil gerou 5,8 milhões de reais a mais para partidos nanicos aliados do PT (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2011 às 10h24.
São Paulo - Ao atrair três partidos nanicos para a coligação de Dilma Rousseff, na eleição de 2010, o PT elevou em quase 5% o tempo de sua candidata na propaganda em rede de rádio e televisão. No entanto, teve de desembolsar R$ 5,8 milhões em contribuições de campanha para esses aliados - na média, o custo por minuto extra de exposição ficou em quase R$ 300 mil.
O PSDB também se valeu da ajuda de dois nanicos para ganhar mais espaço no palanque televisivo. Da mesma forma, doou dinheiro - R$ 480 mil - para bancar campanhas dos aliados. Mas seu custo por minuto foi mais baixo: cerca de R$ 90 mil.
As transferências formais de recursos entre grandes e pequenos foram registradas nas prestações de contas dos partidos referentes ao ano de 2010, tornadas públicas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no início deste mês. Mas os repasses registrados não são os únicos a reforçar os cofres dos nanicos. Partidos grandes também costumam ajudar os aliados a ter acesso a doações de grandes empresas.
Contas
A prestação de contas do PSC, um dos integrantes da coligação que elegeu Dilma, chama a atenção não apenas pelo repasse de R$ 4,75 milhões feito pelo PT durante a campanha, mas também pelas vultosas doações feitas pelo grupo JBS.
A empresa, com atuação concentrada na produção de carnes, doou em 2010 R$ 4 milhões para o diretório nacional da legenda, que havia conquistado apenas nove vagas na Câmara dos Deputados em 2006 e cujos principais líderes se destacam no setor evangélico. Para o diretório do PSDB, em comparação, foram R$ 8,2 milhões - o partido, além de ter na época um candidato competitivo na disputa pela Presidência, havia obtido 66 cadeiras na Câmara em 2006.
Consultada sobre a disparidade, a assessoria de imprensa do JBS afirmou que as doações ao PSC e a outros pequenos partidos - PRB e PTC também foram contemplados, com valores menores - foram feitas a pedido do comando da campanha de Dilma. Ou seja, os petistas não apenas fizeram transferências diretas de recursos aos aliados, como também os ajudaram a arrecadar doações privadas.
João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, disse à reportagem que o partido jamais intermediou doações de empresas a outras legendas. Mas ele ressalvou falar apenas pelo PT, e não pela campanha de Dilma. José de Filippi, deputado federal por São Paulo e tesoureiro da campanha, não respondeu às ligações da reportagem a seu celular. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.