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Templo do Fogo revela mistérios de civilizações da América

O templo está situado ao lado da pirâmide central do complexo arqueológico "El Paraíso", o maior e mais antigo dos encontrados em Lima


	Acredita-se que o templo tenha cerca de 5 mil anos
 (AFP/ Ho)

Acredita-se que o templo tenha cerca de 5 mil anos (AFP/ Ho)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 19h29.

Lima - O Templo do Fogo, descoberto em Lima, um centro cerimonial subterrâneo que se acredita ter 5.000 anos, revela ritos e crenças das mais antigas civilizações da América, que se assentaram nesta região do continente.

O templo está situado ao lado da pirâmide central do complexo arqueológico "El Paraíso", o maior e mais antigo dos encontrados em Lima, que era administrado por sacerdotes e integrado por outras estruturas monumentais e praças arquitetônicas que se estendiam ao longo de cinquenta hectares.

"O Templo do Fogo tem em seu interior um fogão que tinha suas chamas aproveitadas para queimar oferendas, enquanto a fumaça ajudava a se conectar com os deuses e sacerdotes", disse à AFP Marco Guillén, chefe da equipe de arqueólogos que trabalham no local.

Segundo o pesquisador, esta descoberta configura a atual região de Lima como um foco civilizatório da América.

"Tem importância particular porque é a primeira estrutura deste tipo encontrada na costa central, o que corrobora que a região de Lima foi um dos focos da civilização em território andino", afirmou o vice-ministro peruano da Cultura, Rafael Varón.


Estima-se que este templo, assim como outras estruturas no complexo, dataria de 3.000 anos antes de Cristo, segundo a equipe de arqueólogos, que ainda está realizando estudos correspondentes de análises de radiocarbono para determinar sua antiguidade.

"Ingressava-se no templo por uma pequena entrada de 48 centímetros de largura. No interior havia um piso em desnível, com o fogão das oferendas no centro. Os muros são de pedra e revestidos com barro fino de cor amarela e sobre esta camada se encontraram os restos de pintura vermelha", explicou Guillen.

"O fogão é uma espécie de buraco de argila sobre o qual se queimam oferendas marinhas, agrícolas e sementes", acrescentou.

A construção é retangular, de por volta de seis metros de largura por oito metros de comprimento, embora o espaço cerimonial seja pequeno e se acredite que entravam apenas uma ou duas pessoas, afirmou o pesquisador.

A descoberta, anunciada na terça-feira, foi feita em janeiro, quando foram retiradas uma camada superficial de areia e pedras que cobriam o centro cerimonial.


Situado no distrito de San Martin de Porres, 40 km a nordeste de Lima (no vale do rio Chillón, na costa central), "El Paraíso" foi descoberto pelo arqueólogo francês Frederic Engel, que fez as primeiras escavações em 1965, informou o Ministério peruano da Cultura.

Sua proximidade com o mar e seu acesso ao vale foram elementos importantes para seu desenvolvimento, já que as comunidades que habitavam a região podiam se beneficiar de uma economia mista que aproveitava os recursos marinhos e a agricultura incipiente.

Segundo Guillén, as comunidades que viviam ali estavam entre as mais antigas conhecidas no continente.

"Estamos diante de uma civilização do período pré-cerâmico tardio, o que conhecemos como tradição mito", da qual vestígios foram encontrados em outras partes do Peru, na antiga cidade sagrada de Caral, 180 km ao norte de Lima, e no templo de Kotosh, situado no departamento (estado) de Ancash, na selva central peruana.

A cidade sagrada de Caral-Supe, no Peru, é considerada "o centro mais antigo de civilização nas Américas" e foi inscrita em 2009 pela Unesco em sua lista de patrimônio mundial da Humanidade como um bem cultural "de valor universal excepcional".

Com 626 hectares, o sítio arqueológico de Caral-Supe, situado em uma colina deserta e árida que domina o vale do rio Supe, remonta suas origens no período arcaico tardio dos Andes Centrais, há 5.000 anos, segundo a Unesco.

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