EBOLA: epidemia acontece na República Democrática do Congo desde agosto do ano passado e afeta áreas vizinhas a países como Uganda, Ruanda e Sudão do Sul / REUTERS/Newton Nabwaya
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2019 às 06h09.
Última atualização em 8 de julho de 2019 às 15h54.
Mais uma vez, o mundo teme uma epidemia de ebola. A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou uma reunião para esta sexta-feira,14, do seu comitê de emergência depois da confirmação, na quarta-feira, de que o vírus ebola tinha se alastrado da República Democrática do Congo para a Uganda. O encontro acontece em Genebra, na Suíça.
O ebola é causado por um vírus que provoca uma febre hemorrágica, que, em alguns casos, causa sangramento fatal em órgãos vitais, boca, olhos e ouvidos. A taxa de mortalidade média é de 50%, mas pode variar de 25% a 90%, segundo a OMS.
O objetivo primordial da reunião desta sexta é determinar se a epidemia atual é uma emergência internacional de saúde, como foi em 2014 no oeste da África, e em 2016 com o vírus zika na América Latina. Com a determinação, a OMS poderá estabelecer “quais recomendações devem ser feitas” pelos países para deter ou minimizar a epidemia em seus territórios.
Esta é a terceira vez que o comitê da organização se reúne para debater o tema desde que a epidemia ressurgiu, em agosto do ano passado. A reunião anterior foi em abril, quando o corpo deliberativo decidiu não declarar a epidemia como uma emergência internacional de saúde, o que poderia ter resultado em uma ação global sobre o tema.
Para a República Democrática do Congo (RDC), esta é a décima epidemia da doença, com início na província de Kivu do Norte, na região leste do país. Já foram registrados no país mais de 2.000 casos da doença, e dois terços das vítimas não sobreviveram. A epidemia atual é a maior e mais fatal do Ebola na história do país. As regiões afetadas fazem fronteira com Uganda, Ruanda e Sudão do Sul.
A reunião desta sexta-feira somente foi convocada depois que um menino de cinco anos faleceu na última terça-feira em Uganda, país vizinho à RDC, devido à doença. Na quinta-feira, nas vésperas do encontro, uma segunda morte foi confirmada no país. É a avó do menino falecido, que estava de quarentena e morreu na quarta à noite.
Ambas as vítimas foram ao funeral, junto com outros membros da família, de um indivíduo vítima da doença na RDC. Quando retornaram a Uganda, o ministério da Saúde realizou exames e decidiu colocar todos em quarentena depois de detectar a contaminação de duas crianças, de cinco e três anos, e da avó. Oito outras pessoas que entraram em contato com as vítimas fatais foram isoladas e estão em observação.
Além disso, o ministro da saúde de Uganda informou que há outros três casos em observação no país não relacionados com a família. Suas amostras de sangues foram recolhidas e estão em análise. Segundo a OMS, o país imunizou cerca de 4.700 profissionais com uma vacina experimental nos últimos anos. Uganda também tem controlado melhor suas fronteiras com a RDC e baniu aglomerações em regiões do país afetadas pela doença.
“A epidemia é real e nós pedimos aos residentes de Uganda que permaneçam vigilantes e reportem qualquer caso suspeito à unidade de saúde mais próxima”, disse um porta-voz do Ministério da Saúde na última quinta-feira. Antes, o ministério já havia se manifestado pedindo que as pessoas parassem de dar as mãos e se abraçarem. Os distritos também foram acionados para suspenderem eventos como casamentos e feiras. Apesar disso, o país informa que seus destinos turísticos ainda são seguros para viajantes internacionais.
Para contribuir com o tema, a União Europeia anunciou na quinta-feira, 13, um financiamento de 3,5 milhões de euros para o combate da epidemia de ebola. 2,5 milhões de euros serão destinados a Uganda e um milhão ao Sudão do Sul. Desde 2018, o bloco econômico já havia doada 17 milhões de euros para promover o combate ao vírus na RDC e também para a prevenção em Uganda.
O pior surto da doença até então foi declarado em 2014, com casos de 2013, em Guiné, que se estenderam à Serra Leoa e à Libéria. Somente dois anos depois, em janeiro de 2016, a OMS estabeleceu o fim da epidemia, na qual morreram 11.300 pessoas e cerca de 28.500 foram contagiadas. Com a devida atenção da OMS e das outras nações, talvez o surto recente não se converta em uma tragédia tão grande quanto a de anos atrás.