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Tea Party, no olho do furacão após atentado do Arizona

Linguagem inflamatória de algumas facções políticas, como o do ultraconservador Tea Party, é apontada como uma das causas do tiroteio no Arizona, no último sábado

Sarah Palin, ex-governadora do Alasca, é uma das maiores expressões do Tea Party (Getty Images)

Sarah Palin, ex-governadora do Alasca, é uma das maiores expressões do Tea Party (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 06h25.

Washington - O tiroteio no Arizona do último sábado foi preparado e executado aparentemente por um jovem sozinho, embora muitos apontem como causa a linguagem inflamatória de algumas facções políticas, como o do ultraconservador Tea Party.

O colunista e escritor Joe Klein foi um dos que criticou a linguagem combativa lançada por personalidades como o comentarista político Gleen Beck, um dos defensores do movimento liderado pela ex-governadora do Alasca Sarah Palin.

"Glenn Beck anda junto com as teorias conspirativas mais loucas e ridículas. Quando você se encontra com figuras promovendo pontos de vista como este, isso faz com que a temperatura aumente", disse em uma entrevista à "CNN".

Outros analistas culpam o Tea Party de ter introduzido no debate político termos violentos ou militares. Palin, ex-candidata republicana à Vice-Presidência dos EUA, tornou famoso seu lema "Não se retire, volte à carga", para mobilizar o votante conservador nas últimas eleições legislativas.

Palin tinha posto à congressista Gabrielle Giffords, gravemente ferida no atentado, em seu "ponto de mira" durante as últimas eleições, em um mapa no qual se viam vários "alvos" a abater.

O oponente republicano de Gabrielle baseou sua campanha em um lema tão peculiar como "Ajude a tirar Gabrielle Giffords de seu posto", e convida seus seguidores a "disparar um rifle automático M16 com Jesse Kelly."

A própria congressista, cujos escritórios foram atacados no dia em que a Câmara de Representantes aprovou a reforma sanitária, tinha denunciado publicamente esta violência verbal contra sua figura, em imagens que agora foram emitidas de novo pelas televisões.

Ontem, quando alguns jornalistas perguntaram a seu pai na entrada do hospital se a congressista tinha inimigos, não duvidou em responder: "Sim, todo o Tea Party".

Neste entorno combativo, há quem defenda que embora a linguagem política seja pura retórica, há mentes desequilibradas que podem se ver convidadas a usar a violência.

Uma das vozes mais claras foi a do xerife do condado de Pima, no Arizona, Clarance Dupnik, que no calor das investigações não duvidou neste domingo em afirmar que o debate inflamatório dos últimos meses poderia ter servido de germe para o ataque do sábado.

"Quando se aquece a retórica sobre o ódio, sobre a desconfiança em relação ao Governo, isso inflama a opinião publica durante as 24 horas do dia, durante sete dias por semana. Isto impacta nas pessoas, especialmente nos mais desequilibrados", assinalou.

Mas o Tea Party não demorou a sair em sua defesa. Um de seus simpatizantes, o comentarista Steve Malzberg, negou que o uso de termos bélicos seja patrimônio exclusivo dos conservadores.

"Todo mundo utiliza este vocabulário", disse em entrevista na televisão. "Não é uma linguagem violenta, a utilizamos durante anos. Por acaso o presidente Obama não a utiliza?", se perguntou.

Embora alguns políticos tenham se mostrado a favor de suavizar a linguagem e reduzir a temperatura do discurso político, algumas facções do Tea Party não vestiram a carapuça.

O Tea Party Nation (TPN) advertiu no domingo a seus membros, em um e-mail, que nos próximos dias terão que defender seu movimento do ataque dos "esquerdistas", segundo informa a revista "The Atlantic".

No e-mail, o fundador do TPN, Judson Phillips, qualificou Dupnik de "xerife esquerdista", e o primeiro a "iniciar o ataque dos liberais". "A esquerda radical vai tentar silenciar o movimento do Tea Party, e nos culpar pelo ocorrido".

Outras facções se mostraram menos combativas após o incidente do Arizona, como o Tea Party Express, cuja presidente Amy Kremer, disse que seu grupo estava "comovido e entristecido" pelo ocorrido.

No Capitólio, vários legisladores de um e outro partido reivindicaram neste domingo a necessidade de refletir sobre o incidente, e de esfriar a dura retórica política em temas tão polêmicos como a reforma da saúde e imigração.

Para esta segunda-feira, o presidente Barack Obama convocou todo o país a guardar um momento de silêncio em homenagem às vítimas do ataque. Segundo disse, será "um tempo para orar", mas também para "refletir".

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