O presidente Donald Trump, ao lado do premiê Narendra Modi, na Casa Branca, em 13 de fevereiro de 2025 ( Jim Watson/AFP/Getty Images)
Repórter
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 11h16.
O visto H-1B, que permite a empresas americanas contratar trabalhadores estrangeiros para trabalharem nos EUA, passou a custar US$ 100 mil por pessoa, por ordem do presidente Donald Trump. A medida afetará especialmente os trabalhadores indianos, que são 70% dos estrangeiros com esse tipo de permissão.
A taxa, introduzida como uma restrição de viagem, é mais uma escalação de uma onda de punições econômicas contra a Índia, incluindo fortes tarifas de até 50%. Como justificativa, Trump menciona a alta compra indiana de petróleo russo, o que financiaria a guerra de Putin na Ucrânia.
Representando cerca de 70% dos donos desse visto, trabalhadores indianos foram particularmente afetados pela nova política. Todos que estavam fora dos EUA a trabalho ou de férias foram orientados pelos seus empregadores a retornar antes da meia-noite de segunda-feira, 21.
Trabalhadores que não conseguissem cumprir esse prazo arriscavam ficar isolados indeterminadamente, devido ao grande custo da taxa. Esse risco se estendia a suas famílias, que muitas vezes os acompanham.
Além de perder mercados e oportunidades de emprego em massa, a medida afeta a Índia em um período de alta incerteza e desemprego entre a juventude de países vizinhos como Sri Lanka, Bangladesh e Nepal. A Índia é o principal destino de trabalhadores desses países.
Por mais que tenha sido clarificado em seguida pela Casa Branca que a taxa é um pagamento único e que se aplicaria apenas ao próximo lote do H-1B, ainda existe a possibilidade de que muitos trabalhadores busquem a realocação para atuar em partes das franquias de suas empresas fora dos EUA.
Para firmas americanas, existem algumas opções. Seria possível, por exemplo, desafiar a legalidade da medida. Ao mesmo tempo, as empresas do Vale do Silício e de Wall Street poderiam fazer pressão para isentar estrangeiros com diplomas americanos em ciências, matemática, tecnologia e áreas semelhantes.
Além disso, empresas grandes podem adquirir firmas menores e absorver funcionários assim. Segundo pesquisas pela Universidade de Erasmus e da Pensilvânia, foi assim que muitos empregadores reagiram a mudanças no visto H-1B no passado.