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Tarifas dos EUA desaceleram produção chinesa de artigos para a Copa de 2026

A nove meses do torneio, fabricantes de bonés, pulseiras e bandeiras sentem queda nas vendas de produtos esportivos

Estandes que oferecem bolas de futebol ou bandeiras têm pouca movimentação em comparação com a habitual (Jade GAO/AFP)

Estandes que oferecem bolas de futebol ou bandeiras têm pouca movimentação em comparação com a habitual (Jade GAO/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 13h15.

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Em uma fábrica chinesa repleta de cachecóis com as cores da Irlanda e da Tanzânia, o diretor Shang Yabing lamenta que a incerteza em relação às tarifas dos Estados Unidos esteja freando os pedidos de produtos focados na Copa do Mundo de futebol.

A nove meses do torneio que será disputado nos Estados Unidos, México e Canadá, os fabricantes de bonés, pulseiras, bandeiras e chapéus com o emblema das seleções nacionais deveriam estar sobrecarregados de pedidos.

Especialmente em Yiwu, no leste da China, um dos principais centros mundiais de produção por atacado de pequenos artigos que atrai compradores de todo o mundo.

Mas os múltiplos desdobramentos da guerra comercial entre Pequim e Washington, especialmente a persistente incerteza sobre o valor das tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai impor aos produtos chineses, provocam a hesitação dos clientes.

Nos corredores da fábrica Yiwu Wells Knitting Productlos, os operários dão os retoques finais em uma variedade de acessórios esportivos.

"Estamos nesse setor há mais de 10 anos e fabricamos produtos temáticos da Copa do Mundo para quase todos os torneios", explica Shang à AFP.

"Este ano conseguimos pedidos pequenos. Mas os mais importantes, que estão em espera, ainda não se concretizam, certamente devido às tarifas dos Estados Unidos", acrescenta.

Um milhão de produtos

Na fábrica, os trabalhadores utilizam máquinas de costura para fixar franjas nas extremidades dos cachecóis, enquanto outros passam a ferro.

China e Estados Unidos prorrogaram sua trégua comercial até novembro, evitando assim a imposição recíproca de tarifas proibitivas de três dígitos sobre seus produtos.

A empresa onde Shang trabalha ainda espera que seus clientes confirmem os grandes pedidos, que no total representam cerca de um milhão de produtos.

Outros indícios da atitude contemplativa podem ser encontrados na imensa "Cidade do Comércio Internacional" de Yiwu, um dos maiores mercados atacadistas do mundo.

Nos corredores iluminados por néon, os estandes que oferecem bolas de futebol ou bandeiras têm pouca movimentação em comparação com a habitual presença de compradores estrangeiros.

Os produtos derivados são numerosos, de óculos de sol com as cores das bandeiras de diferentes países até chaveiros com miniaturas de chuteiras.

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"Nesta época, antes da última Copa do Mundo, tínhamos um grande fluxo de pedidos em massa", explica à AFP Daisy Dai, que vende bolas estampadas. Mas este ano "os clientes estão hesitando".

Os compradores dos Estados Unidos representavam antes uma grande parte de sua clientela, mas "desde o início da guerra comercial, algumas grandes marcas pararam de fazer pedidos pela falta de clareza sobre as tarifas", explica.

Ao seu lado, Zhu Yanjuan, vendedora de bandeiras e pequenos produtos relacionados à Copa do Mundo, afirma que seu volume de pedidos do exterior diminuiu.

"Afinal de contas, não são produtos de primeira necessidade", observa. Mesmo assim, continua otimista: "As coisas vão melhorar aos poucos".

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