Judy Shelton rebate previsões sobre o impacto das tarifas de Trump no preço do iPhone (Leandro Fonseca/Exame)
Redação Exame
Publicado em 7 de abril de 2025 às 14h32.
Última atualização em 7 de abril de 2025 às 14h34.
A economista Judy Shelton, ex-assessora econômica do presidente americano Donald Trump em seu primeiro mandato, contestou a previsão do analista Dan Ives, da Wedbush, que sugeriu que as tarifas impostas por Trump poderiam elevar o preço do próximo iPhone para US$ 3.500.
Durante sua participação no podcast Opening Bid, Shelton afirmou que esse tipo de especulação é exagerado, pois as empresas têm um histórico de se adaptar a mudanças nas condições econômicas e de suprimento.
De acordo com Shelton, embora as tarifas possam aumentar os custos de produção, empresas como a Apple possuem a flexibilidade necessária para ajustar suas operações e evitar que os consumidores sejam impactados com aumentos drásticos nos preços.
Para ela, as empresas buscam maximizar a demanda do consumidor e a competitividade no mercado, o que as motiva a encontrar soluções alternativas, como a adaptação de sua cadeia de suprimentos ou até mesmo a realocação de parte da produção para outros países.
O comentário de Shelton se deu em resposta à análise de Ives, que apontava a dependência da Apple da produção chinesa, o que, segundo o analista, faria com que a empresa enfrentasse enormes custos adicionais se fosse obrigada a mudar sua estratégia devido às tarifas.
No entanto, Shelton argumentou que a Apple, assim como outras grandes empresas tecnológicas, já está tomando medidas para diversificar sua produção, com algumas fábricas sendo transferidas para outros países, incluindo os Estados Unidos — e possivelmente o Brasil, conforme antecipou a Exame.
De fato, o CEO da Apple, Tim Cook, já mencionou a possibilidade de aumentar a produção em solo americano, o que, na visão de Shelton, é uma demonstração clara de que a empresa está buscando alternativas viáveis e economicamente viáveis para atender à demanda do mercado sem prejudicar o bolso do consumidor.
Shelton também comentou sobre o impacto mais amplo das tarifas na economia global, argumentando que elas podem, na verdade, ser uma ferramenta necessária para corrigir desequilíbrios comerciais que perduram há décadas.
Segundo ela, os Estados Unidos enfrentam uma desvantagem grande em relação a países que praticam políticas comerciais injustas, como a desvalorização de suas moedas. As tarifas, nesse contexto, seriam uma forma de nivelar o campo de jogo, forçando outros países a adotarem práticas mais justas.
Embora reconheça que as tarifas podem ter efeitos negativos a curto prazo, como o aumento de custos para consumidores e empresas, Shelton acredita que o equilíbrio global será alcançado com o tempo. Ela destacou que o atual cenário econômico exige uma mudança na forma como os países interagem no comércio internacional, e que as tarifas podem ser um passo importante para corrigir distorções que afetam a competitividade dos Estados Unidos.
"A transição será dolorosa, mas é um passo necessário para que os países reconheçam que o sistema atual não está mais funcionando de forma justa", afirmou a economista.