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Tarifas de Trump elevam os impostos sobre as importações dos EUA ao nível médio mais alto desde 1943

Os impostos sobre Canadá, México e China afetam importações anuais de aproximadamente US$ 1,5 trilhão

Trump´anuncia novas tarifas (e não deve parar por ai) (Ludovic MARIN /AFP)

Trump´anuncia novas tarifas (e não deve parar por ai) (Ludovic MARIN /AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 4 de março de 2025 às 10h15.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu sua ameaça de atingir o Canadá e o México com tarifas radicais de importação e dobrou um imposto já existente sobre a China, o que provocou rápidas represálias que mergulharam a economia mundial em uma guerra comercial cada vez mais intensa.

As novas tarifas dos EUA (impostos de 25% sobre a maioria das importações canadenses e mexicanas, e um aumento do imposto sobre a China para 20%) afetam importações anuais de aproximadamente US$ 1,5 trilhão, uma medida expansiva que indica aos mercados que o presidente republicano está determinado a impor tarifas de importação para obter novas receitas e criar empregos na indústria manufatureira nacional.

O Canadá contra-atacou com impostos escalonados sobre bens americanos no valor de US$ 107 bilhões, enquanto a China impôs tarifas de até 15%, principalmente sobre produtos agrícolas dos EUA.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse na segunda-feira que seu governo aguardaria a decisão de Trump antes de reagir com medidas de retaliação e deve se pronunciar à imprensa na manhã de terça-feira, no horário local.

As medidas marcam uma nova fase no amplo reposicionamento econômico e diplomático de Trump em relação ao papel dos Estados Unidos no mundo. A confirmação das tarifas elimina dúvidas sobre se o presidente dos EUA realmente cumpriria suas repetidas ameaças de abalar os laços econômicos globais para combater o que ele considera um comércio desequilibrado.

"Estamos em uma nova era, na qual o mantra é proteger os mercados, e os EUA estão liderando esse movimento", disse Alicia García Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico no Natixis. "A China retaliou focando nos eleitores mais fiéis de Trump no setor agrícola. Mas isso não vai detê-lo."

As tarifas elevam os impostos sobre as importações dos EUA ao seu nível médio mais alto desde 1943, segundo o Budget Lab de Yale. Isso pode representar um custo adicional de até US$ 2.000 para os lares americanos. Também resultará em um crescimento econômico significativamente mais lento nos EUA, especialmente se outros países tomarem represálias, de acordo com um relatório publicado na segunda-feira.

Vem mais por ai

E Trump já indicou que haverá mais tarifas. Em abril, ele vai impor tarifas recíprocas sobre todos os parceiros comerciais dos EUA que tenham suas próprias taxas ou outras barreiras aos produtos americanos, além de impostos setoriais de 25% sobre automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. Essas tarifas também poderão ser cumulativas, somando-se a qualquer imposto geral sobre um determinado país.

Trump também afirmou que está preparando uma tarifa de 25% para a União Europeia e investigando impostos sobre importações de cobre e madeira. As tarifas sobre aço e alumínio também entrarão em vigor em 12 de março, impactando ainda mais o Canadá e o México.

Os mercados financeiros reagiram com relativa calma quando as tarifas entraram em vigor, e as ações chinesas chegaram a registrar ganhos intermediários. No entanto, na véspera da implementação, as ações dos EUA registraram a maior queda do ano, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram para seu nível mais baixo em quatro meses e o preço do petróleo atingiu seu menor nível em três meses.

O governo canadense anunciou na noite de segunda-feira que seguirá adiante com um amplo pacote de tarifas retaliatórias sobre produtos fabricados nos EUA. A primeira etapa inclui tarifas de 25% sobre cerca de 30 bilhões de dólares canadenses (US$ 20,6 bilhões) em bens de exportadores americanos, que entraram em vigor simultaneamente com as tarifas americanas.

Em três semanas, uma segunda rodada de tarifas do mesmo valor será imposta sobre 125 bilhões de dólares canadenses em produtos, incluindo itens de alto valor, como automóveis, caminhões, aço e alumínio.

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