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Tarifa de 50% deve frear exportações, mas Brasil não deveria retaliar, diz Amcham

Donald Trump anunciou nova taxa para produtos brasileiros nesta quarta-feira e isentou cerca de 700 itens

Donald Trump, presidente dos EUA, em evento de assinatura de documentos nesta quarta-feira, 30 (Anna Moneymaker/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, em evento de assinatura de documentos nesta quarta-feira, 30 (Anna Moneymaker/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 30 de julho de 2025 às 17h42.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 18h52.

A nova tarifa dos Estados Unidos de 50% contra produtos brasileiros gera preocupação, deve interromper parte das exportações brasileiras, mas não deve ser alvo de retaliações, defende a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), que representa empresas exportadoras.

"Trata-se de medida que fragiliza as relações econômicas e comerciais entre os dois países, afetando negativamente a competitividade de suas empresas, o emprego de seus trabalhadores e o poder de compra de seus consumidores", disse a entidade, em nota.

A Amcham fez uma pesquisa com seus associados, de 24 a 30 de julho, e mais da metade das empresas disse que aumento tarifário poderá resultar na interrupção total ou acentuada (superior a 50%) das vendas para os Estados Unidos.

O estudo também apontou que 86% das empresas defendem que o Brasil evite retaliações, pois elas "trariam potenciais efeitos negativos sobre setores que dependem de insumos, tecnologias ou equipamentos americanos, bem como prejuízos à imagem e à segurança jurídica do Brasil como destino de investimentos e negócios", disse a Amcham.

Entenda as novas tarifas de Trump

Nesta quarta-feira, Trump assinou uma ordem executiva que oficializa a tarifa de importação de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida entrará em vigor daqui a sete dias.

A medida, no entanto, isenta uma série de produtos que o Brasil exporta aos EUA, incluindo suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. A lista completa soma cerca de 700 itens.

Ao mesmo tempo, a taxa vai incidir sobre outros itens importantes da pauta de exportações brasileiras, como a carne e o café, o que poderá inviabilizar exportações brasileiras.

A ordem assinada nesta quarta-feira coloca 40% adicionais de tarifas sobre a taxa de 10% anunciada em abril, adotada para todos os países, somando 50%. Assim, os itens isentos agora ficarão com tarifa de 10%.

Como justificativa, o governo americano disse que a medida é uma "resposta a políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", disse a Casa Branca, em comunicado.

Veja a íntegra da nota da Amcham

NOTA DA AMCHAM BRASIL SOBRE A APLICAÇÃO DE TARIFAS DE 50% PELOS ESTADOS UNIDOS ÀS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

São Paulo, 30 de julho de 2025 - A Câmara Americana de Comércio para o Brasil– Amcham Brasil manifesta sua preocupação diante da confirmação de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre determinados produtos brasileiros.

Trata-se de medida que fragiliza as relações econômicas e comerciais entre os dois países, afetando negativamente a competitividade de suas empresas, o emprego de seus trabalhadores e o poder de compra de seus consumidores.

Ao longo de mais de 200 anos de relações diplomáticas ininterruptas, Brasil e Estados Unidos construíram uma parceria sólida, pautada por valores e interesses econômicos comuns e por intenso intercâmbio empresarial.

A Amcham Brasil defende que divergências comerciais sejam resolvidas pela intensificação do diálogo construtivo em alto nível, com o objetivo de preservar e ampliar a parceria e a cooperação econômicas.

Pesquisa recente conduzida pela Amcham, de 24 a 30 de julho, revela que mais da metade das empresas exportadoras no Brasil estimam que o aumento tarifário poderá resultar na interrupção total ou acentuada (superior a 50%) das vendas para os Estados Unidos.

A pesquisa também indica que 86% das empresas avaliam que eventuais medidas de reciprocidade por parte do Brasil tenderiam a agravar as tensões bilaterais e reduzir o espaço para negociações. Além disso, trariam potenciais efeitos negativos sobre setores que dependem de insumos, tecnologias ou equipamentos americanos, bem como prejuízos à imagem e à segurança jurídica do Brasil como destino de investimentos e negócios.

A Amcham Brasil reafirma seu compromisso histórico — de mais de um século — com o fortalecimento das relações bilaterais e se coloca à disposição dos governos de ambos os países para colaborar na construção de uma solução mutuamente satisfatória.

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