Donald Trump, presidente dos EUA, durante evento nesta quarta-feira, 9 de julho (Jim Watson/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 9 de julho de 2025 às 19h18.
Última atualização em 9 de julho de 2025 às 22h02.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 9, uma tarifa extra de importação de 50% para os produtos brasileiros.
Ele disse que a taxa se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas, além de citar práticas comerciais brasileiras que considera prejudiciais aos EUA.
A medida entra em vigor em 1º de agosto, e ainda pode ser negociada. No entanto, há vários pontos ainda em dúvida. Veja abaixo uma série de perguntas e respostas.
Trump disse que todos os produtos brasileiros vendidos aos EUA serão taxados em 50%. Assim, se um item custa US$ 100, por exemplo, terá de pagar US$ 50 ao governo americano, ao passar pela alfândega de lá.
Trump disse na carta que as tarifas entrarão em vigor em 1º de agosto. No entanto, para que elas passem a valer de fato ainda é preciso que Trump assine uma ordem executiva ou outro documento oficial, o que ainda não foi feito. Assim, há espaço para negociações.
Sim. Trump disse na carta que as tarifas poderão ser reduzidas ou aumentadas, a depender de decisão dele.
Ainda há dúvida. Na carta, Trump diz que as novas taxas serão cobradas 'separadamente' de outras tarifas setoriais, como a cobrança de 50% pelo aço.
No entanto, em outras ocasiões, o presidente evitou a acumulação de tarifas por país e produto. A questão só será esclarecida quando uma ordem executiva sobre o tema for publicada.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país vendeu cerca de US$ 40 bilhões em produtos aos Estados Unidos. Ao todo, o Brasil exportou US$ 337 bilhões em mercadorias, de modo que os EUA representam cerca de 12% do total das vendas brasileiras.
Os itens mais vendidos aos EUA foram:
O Brasil poderia aplicar tarifas a produtos que importa dos EUA. O Congresso do Brasil aprovou uma lei em abril que permite ao governo brasileiro retaliar tarifas da mesma forma. A retaliação, no entanto, não é obrigatória e fica a critério do Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo.
Porém, Trump ameaçou impor tarifas ainda mais altas caso o Brasil reaja. "Se, por qualquer motivo, você decidir aumentar suas Tarifas, o valor que você escolher para aumentá-las será adicionado aos 50% que cobramos", escreveu o presidente americano.
O país também poderia abrir um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas o órgão está com seu poder de decisão paralisado por conta de uma medida dos EUA, que se recusa a nomear juízes para cargos vagos na entidade.
Desde que tomou posse, em janeiro, Trump passou a aumentar tarifas de importação sobre outros países, sob argumento de que eles estariam trazendo problemas aos EUA.
Trump quer que as empresas voltem a produzir nos Estados Unidos, em vez de ter fábricas no exterior, como fazem há décadas para cortar custos. Assim, ao encarecer as exportações por meio de novas taxas, ele espera que mais indústrias se mudem para os EUA e gerem empregos no país.
Além disso, Trump reclama do déficit comercial dos EUA com os outros países, e usa as tarifas como meio de pressionar os parceiros a comprarem mais itens americanos. Em vários casos, houve acordos nesse sentido: um compromisso de maiores compras ou abertura de mercados a produtos dos EUA em troca de Trump desistir de novas taxas.