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Talibãs tentam atrair mulheres com revista feminina no Paquistão

A revista digital "Sunnat-e-Khaula" incentiva as mulheres a se unirem à luta, aprendendo a usar granadas e se preparando para lançar ataques suicidas

Talibãs: o TTP vive um período de baixa após a implementação de operações militares em 2014 (AFP/AFP)

Talibãs: o TTP vive um período de baixa após a implementação de operações militares em 2014 (AFP/AFP)

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EFE

Publicado em 9 de agosto de 2017 às 10h39.

Última atualização em 9 de agosto de 2017 às 10h40.

Islamabad - Os talibãs paquistaneses tentam atrair a simpatia das mulheres com o lançamento de uma revista feminina digital em inglês com a qual as convidam a se unir à 'jihad', aprender o uso de granadas e se preparar para lançar ataques suicidas.

Com a "Sunnat-e-Khaula", ("O caminho de Khaula", em tradução livre), nome dado em homenagem a uma guerreira dos tempos de Maomé, que conta com 45 páginas coloridas e uma mulher de burka na capa, o principal grupo talibã do país, o Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), afirma que é a "última esperança para o Paquistão" e incentiva as mulheres a se unirem à sua luta.

"Nós queremos fazer com que as mulheres do islã deem um passo à frente e se unam às forças mujaheddins", explica em seu editorial a publicação, que começou a ser distribuída este mês pelo aplicativo de mensagens Telegram.

Assim, a revista pede às mulheres paquistaneses que organizem reuniões secretas em suas casas, distribuam literatura sobre a jihad, façam treinos para as suas "irmãs jihadistas" e doem dinheiro para a causa.

"Estude como manejar armas simples. Estude o uso de granadas. Assegure-se de ter uma pistola e granadas", adverte a publicação em uma seção de conselhos.

A revista também pede que as leitoras planejem "operações de martírio", em referência aos ataques suicidas com explosivos, e informem os insurgentes sobre possíveis alvos.

Além disso, encorajava as mulheres a se prepararem para cometer elas mesmas ataques suicidas.

"A primeira operação de martírio foi feita por uma menina", aponta a revista.

A ativista pelos direitos da mulher Marvi Sirmed afirmou à Agência Efe que a publicação é uma clara tentativa de atrair as mulheres que pertencem à classe média urbana, uma tática que funcionou para o Estado Islâmico na Síria.

"Os talibãs precisam de pessoas com educação. Mulheres com pouco protagonismo em suas vidas podem se sentir atraídas por isso", afirmou Marvi.

A ativista disse que a tentativa pode ser particularmente efetiva por conta da influência da mulher sobre os filhos.

O TTP vive um período de baixa após a implementação de uma série de operações militares em junho de 2014, que atingiram duramente o grupo terrorista e mataram 3.500 insurgentes, o que ajudou a reduzir os níveis de violência no país.

Esse grupo foi o responsável pelo ataque contra uma escola gerenciada pelo Exército em dezembro de 2014, no qual morreram 125 estudantes, e pela tentativa de assassinato em 2012 do prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai.

Além de pedir que se unam à jihad e de dar conselhos de como fazê-lo, a "Sunnat-e-Khaula" publica uma entrevista com personalidades, assim como as revistas femininas normais.

Na primeira edição, a entrevistada é a esposa do líder do TTP, o mulá Fazlullah, que não tem seu nome mencionado e é tratada como "a respeitada esposa do emir".

"Me pergunto por que agora há protestos e prantos pelos casamentos de menores de idade. Temos que compreender que se meninos e meninas maduros não se casam, podem se tornar uma fonte de destruição moral da sociedade", disse a mulher do insurgente, que revelou ter se casado aos 14 anos de idade.

Em outro texto, assinado por uma suposta médica, Khaula Bint Abdul Aziz contou como viveu em um país ocidental exercendo sua profissão e decidiu retornar ao Paquistão para se unir à 'jihad'.

"Na sociedade ocidental, as mulheres se transformaram em apenas uma máquina de ganhar dinheiro, em um objeto sexual e em um produto para ser vendido no mercado", afirmou Khaula, para quem as mulheres do ocidente são "escravas".

Ao longo de suas páginas, a "Sunnat-e-Khaula" atacou a democracia, os Estados Unidos, o governo e o exército paquistaneses por colaborarem na guerra contra o terror no Afeganistão e se perguntou por que as mulheres participam de tudo isso.

"É uma questão de honra que luteis com os infiéis? Como afrontareis o dia do julgamento? Essas ações vos farão cair no inferno", diz a revista.

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