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Talibãs reivindicam atentado no Paquistão contra cristãos

"Executamos o ataque de Lahore e os cristãos eram o nosso alvo", afirmou Ehsanullah Ehsan, porta-voz da facção Jamaat-ul-Ahrar


	Atentado: o atentado, o mais violento de 2016 no Paquistão, dinamita a sensação de melhora na segurança do país
 (Arif Ali / AFP)

Atentado: o atentado, o mais violento de 2016 no Paquistão, dinamita a sensação de melhora na segurança do país (Arif Ali / AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2016 às 08h41.

Os talibãs paquistaneses reivindicaram nesta segunda-feira o atentado suicida de domingo que deixou pelo menos 72 mortos em um parque lotado de Lahore, ao mesmo tempo que confirmaram que o ataque tinha os cristãos como alvos.

"Executamos o ataque de Lahore e os cristãos eram o nosso alvo", afirmou Ehsanullah Ehsan, porta-voz da facção Jamaat-ul-Ahrar, antes de prometer mais ataques contra escolas e universidades.

Do balanço provisório de 72 mortos, 29 eram crianças, informou à AFP Muhamad Usman, funcionário do governo da cidade, que também citou pelo menos 200 feridos.

O atentado, o mais violento de 2016 no Paquistão, dinamita a sensação de melhora na segurança do país.

A explosão aconteceu no parque Gulshan-e-Iqbal, perto do centro da cidade e especialmente lotado no dia em que a comunidade cristã celebrava o domingo de Páscoa.

"O homem-bomba detonou os explosivos perto da área das crianças, onde elas brincavam nos balanços", afirmou Usman.

A polícia isolou a área e nesta segunda-feira ainda era possível observar pedaços de roupas ensanguentados nos balanços, em uma demonstração do massacre da véspera.

No domingo, os médicos descreveram cenas de horror no hospital Jinnah, ao mesmo tempo que o Twitter foi dominado por pedidos de doação de sangue.

A situação continuava caótica na manhã desta segunda-feira, com parentes de vítimas e jornalistas entrando e saindo do centro médico.

A província de Punjab, que tem Lahore como capital, decretou três dias de luto oficial, mas as escolas e os serviços administrativos estavam abertos, segundo uma fonte oficial.

A jovem paquistanesa Malala Yousafzaï, vencedora do Nobel da Paz, afirmou estar "abatida com a matança sem sentido".

Os atentados contra crianças têm um impacto especial no Paquistão, um país que permanece traumatizado pelo ataque talibã cometido contra uma escola de Peshawar que deixou 154 mortos no fim de 2014.

"Contra os cristãos"

"Perdi dois jovens de minha família, meu filho e meu neto", afirmou, sem conseguir conter as lágrimas, Yousaf Masih, cristão de 55 anos, diante do necrotério.

Javed Ali, residente de Lahore, 35 anos, cuja casa está situada diante da entrada do parque, disse à AFP que escutou "uma enorme explosão que destruiu as janelas" de sua casa.

De acordo com Ali, o parque, que ele mesmo visitou algumas horas antes, "estava repleto de pessoas devido à Páscoa, muitos cristãos, tinha tanta gente que falei para minha família não ir até lá".

No Paquistão, grupos islamitas armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país majoritariamente muçulmano sunita de 200 milhões de habitantes.

O porta-voz dos serviços administrativos da cidade, Imran Maqbool, afirmou que o atentado de domingo matou de 10 a 15 cristão".

Tensão em Islamabad

Na capital Islamabad, a situação continuava tensa nesta segunda-feira por um protesto de partidários de um islamita condenado por assassinato e executado em fevereiro, Mumtaz Qadri.

Após a manifestação de domingo, que reuniu 25.000 pessoas, quase 3.000 passaram a noite na avenida da Constituição, próxima ao Parlamento, em um claro desafio às forças de segurança.

Os manifestantes exigem a execução de uma cristã acusada de blasfêmia, Asia Bibi, e que Mumtaz Qadri, executado pelo assassinato do governador Salman Taseer em 2011, seja declarado oficialmente "mártir".

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