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Talibãs dizem preparar ofensiva sangrenta no Afeganistão

Os talibãs do mulá Omar lançam todos os anos nesta época uma ofensiva contra as forças estrangeiras que os expulsaram do poder no fim de 2001

A nova ofensiva talibã, batizada como "Azm" (determinação), começará na sexta-feira ao amanhecer, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira (STR/AFP)

A nova ofensiva talibã, batizada como "Azm" (determinação), começará na sexta-feira ao amanhecer, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira (STR/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 10h06.

Cabul - Os talibãs afegãos anunciaram nesta quarta-feira o lançamento de sua tradicional ofensiva de primavera (hemisfério norte), que pode ser a mais violenta em uma década, depois que as forças afegãs ficaram sozinhas após a saída da maior parte das forças da Otan do país.

Os talibãs do mulá Omar lançam todos os anos nesta época uma ofensiva contra as forças estrangeiras que os expulsaram do poder no fim de 2001 e contra seus aliados afegãos.

Neste ano, as forças afegãs estão pela primeira vez sozinhas na linha de frente, em meio a um período de instabilidade pelo fim da missão da Otan no país (Isaf), que terminou com suas operações em dezembro.

A Aliança Atlântica mantém, no entanto, uma força residual de 12.500 soldados - 9.800 deles americanos - para formar as forças afegãs.

A nova ofensiva talibã, batizada como "Azm" (determinação), começará na sexta-feira ao amanhecer, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira.

"Os principais alvos da operação "Azm' serão os ocupantes estrangeiros, em particular suas bases militares permanentes, centros de inteligência e diplomatas, ressaltaram os insurgentes.

Os Estados Unidos deveriam retirar neste ano metade de seus 9.800 soldados, mas o presidente Barack Obama decidiu mantê-los, o que colocou os rebeldes em pé de guerra.

A ofensiva também estará dirigida contra os responsáveis pelo poder em Cabul, assim como os serviços de inteligência, o exército e a polícia do país, advertiram os insurgentes, afirmando, no entanto, que queriam preservar "a vida e os bens civis".

Aumento de vítimas civis

Segundo a ONU, o conflito afegão segue provocando mais e mais vítimas civis em 2015, com cerca de 3.700 mortos e quase 7.000 feridos, uma alta de 22% em relação a 2013, devido à intensificação dos combates terrestres.

E os três primeiros meses de 2015 (de janeiro a março) deixaram 8% mais vítimas civis em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados publicados na semana passada pela ONU, o que aumenta os temores de um balanço recorde para os civis em 2015.

Os talibãs, que tentam somar a sua causa a população afegã, afirmaram nesta quarta-feira que haverá sanções contra seus combatentes que prejudicarem a população civil.

Após um ataque suicida no último sábado no qual 30 pessoas morreram no sudeste do país, o presidente afegão, Ashraf Ghani, que tenta convencer os talibãs a se unir ao processo de paz e manter a atenção da comunidade internacional sobre seu país, havia apontado como responsável o grupo Estado Islâmico (EI).

Mas os analistas são céticos sobre a possibilidade de uma presença estruturada do EI no Afeganistão e, sobretudo, sobre seu papel neste ataque.

Após o anúncio da nova ofensiva talibã, o Alto Conselho Afegão para a Paz, criado por Cabul, convidou os insurgentes a abandonar as armas e voltar ao diálogo.

"A população é a favor da paz", indicou em um comunicado.

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