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Talibãs ameaçam EUA após interrupção do diálogo no Afeganistão

O objetivo destas negociações que se arrastam há mais de um ano é pôr fim à mais longa guerra em que os Estados Unidos já se envolveram.

Membros do Talibã no Afeganistão: presidente Donald Trump suspendeu, abruptamente, as conversas em curso (Anadolu Agency/Getty Images)

Membros do Talibã no Afeganistão: presidente Donald Trump suspendeu, abruptamente, as conversas em curso (Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 8 de setembro de 2019 às 12h45.

Última atualização em 8 de setembro de 2019 às 12h45.

Os talibãs ameaçaram os Estados Unidos, neste domingo (8), embora tenham deixado a porta aberta para futuras negociações, depois que o presidente Donald Trump suspendeu, abruptamente, as conversas em curso.

O objetivo destas negociações que se arrastam há mais de um ano é pôr fim à mais longa guerra em que os Estados Unidos já se envolveram.

Por causa desta suspensão - advertiram os talibãs -, os Estados Unidos "vão sofrer mais do que ninguém, toda sua credibilidade se verá minada. As perdas humanas e financeiras aumentarão".

"Ainda (...) acreditamos que o lado americano voltará a esta posição (...) Nossa luta durante os últimos 18 anos tinha de ter mostrado aos americanos que não ficaremos satisfeitos até vermos o fim completo da ocupação", tuitou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid.

"Pedimos uma compreensão mútua há 20 anos. Seguimos nesta posição e acreditamos que a parte americana deve voltar à mesma", completou o porta-voz.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, reagiu, afirmando em vários programas de televisão americanos neste domingo que os EUA estão dispostos a reabrir as negociações, se os talibãs mudarem de atitude e respeitarem seus acordos.

"Espero que os talibãs mudem seu comportamento e voltem a se comprometer com as coisas de que estamos falando. No final, isso se resolverá com uma série de conversas", declarou Pompeo ao programa de televisão da rede ABC "This Week".

Pompeo disse também que o presidente Donald Trump "ainda não decidiu", se levará adiante a decisão de retirar os milhares de soldados americanos estacionados no Afeganistão, conforme previsto no projeto de acordo em discussão com os talibãs.

Ao ser questionado pela emissora ABC sobre as negociações depois do anúncio de Trump, o chefe da diplomacia americana confirmou que o enviado de Washington, Zalmay Khalilzad, "voltará para casa por enquanto".

"Precisamos de um compromisso significativo" dos talibãs para retomar as conversas, insistiu Pompeo, em entrevista à rede CNN.

O secretário de Estado advertiu, porém, que haverá uma maior pressão militar, se os ataques continuarem.

"Se os talibãs não se comportarem, se não cumprirem os compromissos que nos fizeram durante semanas e, em alguns casos, meses, o presidente dos Estados Unidos não vai reduzir a pressão", garantiu.

"Não vamos reduzir nosso apoio às forças de segurança afegãs, que lutaram tanto", completou.

No anúncio do cancelamento, feito ontem (7), Trump alegou que os talibãs mataram um militar americano com um carro-bomba em Cabul, na última quinta-feira.

Os talibãs "admitiram um ataque em Cabul que matou um dos nossos grandes soldados e outras 11 pessoas", tuitou Trump, decidindo pelo "cancelamento imediato" de uma "reunião secreta" com líderes dos talibãs em Camp David, assim como pela suspensão das negociações para retirar as tropas americanas do Afeganistão.

Trump lamentou que, "para tentar conseguir um falsa vantagem" nas negociações, o Talibã tenha realizado um atentado na quinta-feira.

Foi o segundo ataque dos rebeldes em poucos dias na capital afegã, apesar do "acordo de princípio" que o negociador americano, Zalmay Khalilzad, afirmou ter fechado com os talibãs durante negociações em Doha. O texto havia apresentado ao presidente afegão, Ashraf Ghani, no começo da semana.

"Que tipo de pessoas matam tanta gente para conseguir uma aparente vantagem nas negociações? Fracassaram. Só conseguiram piorar as coisas!", tuitou Trump ontem.

"Se são incapazes de aceitar um cessar-fogo durante estas negociações de paz tão importantes, e estão, inclusive, dispostos a matar 12 inocentes, é porque, provavelmente, não têm capacidade de negociar um acordo significativo. Por quantas décadas querem continuar combatendo?", insistiu o presidente.

Washington estava prestes a fechar um acordo para permitir o início da retirada progressiva dos cerca de 13 mil soldados americanos mobilizados no Afeganistão em troca de garantias, por parte dos talibãs, de uma redução da violência e do lançamento de negociações de paz diretas com o governo de Cabul. Esta condição era rejeitada pelos rebeldes até o momento.

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