Soldados americanos no Afeganistão: a guerra no Afeganistão está em um de seus momentos mais sangrentos. (Munir Uz Zaman/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 14h18.
Cabul - Os talibãs afegãos pediram nesta quarta-feira à comunidade internacional para abandonar a ideia de "interferir de maneira permanente" no país e tacharam de "propaganda" a recente cúpula entre Afeganistão, Paquistão e Reino Unido em Londres, onde se apostou pelo diálogo com a insurgência.
"Essas conferências nem desempenharam um papel positivo em resolver os assuntos dos afegãos nem apresentaram um resultado promissor", afirmou o porta-voz insurgente Zabiulá Mujahid em comunicado publicado no site dos talibãs.
Mujahid opinou que as reuniões "desviam a atenção pública da solução" do conflito e buscam dar "a impressão de que há algum tipo de progresso", embora, em sua opinião, esses avanços não tenham acontecido.
"Após ter usado a força por 11 anos e enfrentando uma derrota militar, (os países da Otan) chegaram à conclusão de que a guerra no Afeganistão deve terminar", disse o porta-voz talibã.
Segundo Mujahid, isso demonstra que "não estão comprometidos realmente com resolver a questão afegã".
O pronunciamento aconteceu depois que no último dia 4 durante uma cúpula em Londres os presidentes do Afeganistão e Paquistão, Hamid Karzai e Asif Ali Zardari, pactuaram assinar um acordo de cooperação no próximo outono.
Nesse encontro, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez, além disso, uma convocação aos talibãs para tomar parte em conversas de paz sobre o futuro do Afeganistão.
Os talibãs suspenderam em março do ano passado o diálogo que haviam iniciado poucos meses antes com os Estados Unidos através de um escritório no emirado islâmico do Catar.
Nos últimos meses, o governo afegão retomou a ideia de conversar com a insurgência e concentrou os esforços, desta vez, em convencer o vizinho Paquistão a se envolver no processo.
Islamabad, por sua vez, libertou alguns líderes insurgentes, em um gesto de aproximação.
Muitos analistas acreditam que os principais líderes talibãs e de outros grupos afins buscam refúgio em território paquistanês com o apoio ou tolerância das instituições de segurança do país, por isso a atitude do Paquistão no processo de paz afegão é crucial.
A guerra no Afeganistão está em um de seus momentos mais sangrentos, passados 11 anos da invasão dos EUA e da queda do regime talibã - e faltando dois anos para que as tropas aliadas concluam sua retirada do país.