Meninas do ensino fundamental estudam do lado de fora de escola em Herat, em 17 de agosto: alunas do ensino médio ainda estão proibidas de estudar (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 21 de setembro de 2021 às 10h22.
Depois de reabrir escolas de ensino médio somente para meninos e gerar críticas internacionais, o Talibã afirmou nesta terça-feira, 21, que as alunas não estão definitivamente banidas no Afeganistão, mas segue sem dar datas para o retorno.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse hoje que as alunas do ensino médio voltarão em breve às escolas do Afeganistão. Na fala, também anunciou os nomes de ministros restantes que vão compor o governo (confirmando que o novo governo será 100% masculino).
"Estamos finalizando as coisas e isto [a volta das meninas no ensino médio] acontecerá assim que possível", disse o porta-voz.
O comunicado que autorizou a reabertura das escolas na semana passada não mencionou meninas e nem professoras, na prática as banindo das escolas, e autorizando a reabertura só para homens.
A comunidade internacional teme a repetição da situação registrada entre 1996 e 2001, durante o regime Talibã anterior, quando as mulheres foram impedidas de trabalhar e estudar, entre outras proibições.
As aulas no Afeganistão foram interrompidas em agosto, quando os combatentes talibãs assumiram o poder e foi concluída a retirada das tropas estrangeiras do país.
Desde então, as meninas do ensino fundamental e as universitárias retornaram às aulas, mas com restrições, começando pela separação dos alunos homens e vestimenta específica.
Também nesta terça-feira, Mujahid anunciou os nomes dos ministros que ainda faltavam para completar o governo. No dia 7 de setembro, o Talibã havia anunciado a maior parte do novo Executivo, formado por líderes históricos do movimento islamita radical.
O governo é composto apenas por homens e não existe um ministério dedicado às mulheres— o governo derrubado pelo Talibã tinha uma pasta ministerial dedicada à questão.
O porta-voz afirmou que este é um governo de transição que será reforçado no futuro.
Além disso, ele garantiu que o Talibã tem fundos para pagar os funcionários públicos, mas "precisa de tempo". Muitos trabalhadores reclamaram nas ruas do país nos últimos dias porque não recebem os pagamentos há pelo menos dois meses.
Com os bancos sem liquidez e a economia em crise profunda, acentuada pela guerra, o país pode chegar a um cenário de 70% da população em situação de pobreza.
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