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Taleban pede à Malala para se unir ao Islã no Paquistão

Comandante da organização pediu à adolescente para voltar para casa e "adotar a cultura islâmica"


	Malala Yusufzai na sede da ONU, em 12 de julho de 2013: em carta, taleban afirma que não é contra a educação e pede à adolescente que volte para casa e frequente uma escola "que adote o Corão"
 (Brendan McDermid/Reuters)

Malala Yusufzai na sede da ONU, em 12 de julho de 2013: em carta, taleban afirma que não é contra a educação e pede à adolescente que volte para casa e frequente uma escola "que adote o Corão" (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 14h21.

Islamabad - Um comandante taleban paquistanês pediu à adolescente Malala Yusufzai, blogueira defensora dos direitos civis que ficou conhecida após ser atingida no ano passado por um tiro na cabeça por um miliciano, que volte para casa para "adotar a cultura islâmica", e justificou que o ataque contra ela foi lançado por sua campanha contra os insurgentes, divulgou a imprensa local.

"Os talebans não te atacaram por ir à escola ou por ser uma entusiasta da educação", disse Adnan Rashid em carta enviada à jovem um dia após o primeiro discurso público da jovem, na sede da ONU, que foi repassado à imprensa paquistanesa. Na carta, Rashid diz que "os talebans não estão contra a educação".

"Eles achavam que estava escrevendo intencionalmente contra o movimento e dirigindo uma campanha para cercear seus esforços para estabelecer um sistema islâmico" no vale de Swat, no norte do país.

Adnan Rashid, ex-membro das Forças Aéreas paquistanesas, é um conhecido insurgente que foi condenado à prisão pelo atentado em 2003 contra o presidente Pervez Musharraf. Ele fugiu no ano passado do presídio na cidade de Bannu. Na carta, escrita em caráter pessoal e não em nome do movimento de união dos talebans do Paquistão (TTP), Rashid mistura sentimentos contraditórios pela adolescente, com quem diz partilhar o pertencimento à tribo Pashtun Yusufzai. Ele a aconselhou a abandonar as atividades anti-islâmicas.

O comandante taleban admitiu, no entanto, que não soube como entrar em contato com Malala antes do ataque do ano passado, que a transformou em um símbolo da defesa da educação feminina no Paquistão.


"Os talebans te atacaram. Seja islamicamente correto ou não, tendo merecido morrer ou não, deixemos que seja Alá quem te julgue", ressaltou Rashid, que ainda afirmou que o TTP ataca escolas porque os centros se transformam em esconderijos nas zonas de conflito.

O líder taleban defendeu que o subcontinente indiano estava altamente educado antes da invasão britânica e criticou o que para ele é o objetivo da comunidade internacional: impor um pensamento único.

"O chamado sistema educacional pelo qual está disposta a morrer consiste em produzir mais asiáticos de sangue com sabor inglês, mais africanos de cor, mas ingleses de opinião. Esta chamada educação fez do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o assassino de massas, sua referência, não é?", indagou.

Rashid acrescentou que a ONU é "uma instituição injusta", na qual "as nações não são iguais" e "só cinco têm direito a veto", e por isso "quando todo mundo está contra Israel, um veto é suficiente para degolar a Justiça". "Se tivesse morrido em um ataque de drones (aviões não tripulados utilizados pelos EUA em zonas de conflito), será que o mundo ficaria sabendo? Mais de 300 inocentes morreram em ataques de drones no Paquistão, mas não importa a ninguém, pois os agressores são americanos", criticou o insurgente.

O taleban finaliza convidando Malala a voltar para casa e adotar a cultura islâmica. Ele aconselhou a adolescente a frequentar uma escola que adote o Corão e "use a caneta pelo Islã para revelar a conspiração de uma pequena elite que quer escravizar a humanidade".

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