Polícia italiana: em nota, a polícia disse que Suljic, acusado de "associação criminal com vistas à fraude desportiva", comprou uma passagem só de ida, já com a intenção de se render (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 09h21.
Milão - A polícia italiana prendeu nesta quinta-feira um esloveno acusado de ser cúmplice de Tan Seet Eng, suposto chefe de uma quadrilha mundial que manipula resultados de jogos de futebol para beneficiar apostadores.
Admir Suljic, de 31 anos, era aguardado pela polícia ao desembarcar durante a madrugada de um voo procedente de Cingapura. Autoridades do pequeno país asiático haviam alertado os colegas italianos sobre a viagem do suspeito.
Em nota, a polícia disse que Suljic, acusado de "associação criminal com vistas à fraude desportiva", comprou uma passagem só de ida, já com a intenção de se render.
Ele estava foragido desde dezembro de 2011, e é considerado um elemento-chave na investigação italiana sobre resultados manipulados entre 2009 e 2011. A polícia disse que o esloveno seria levado para uma prisão na cidade de Cremona.
"Seu envolvimento direto com o grupo criminoso internacional, composto por cidadãos de Cingapura e por pessoas dos Bálcãs, emergiu da investigação", disse a nota policial.
Promotores italianos acusam Tan, também conhecido como Dan Tan, de chefiar uma organização que manipula resultados no mundo todo. As autoridades italianas já ordenaram sua prisão.
Uma investigação conjunta da Europol (agência europeia de combate a crimes) com promotores nacionais identificou cerca de 680 partidas sob suspeita, incluindo jogos das eliminatórias da Copa do Mundo e para torneios europeus, e jogos da Liga dos Campeões da Europa.
O governo de Cingapura diz que Tan não é procurado judicialmente no país, mas garantiu estar trabalhando com as autoridades europeias para investigar a quadrilha.
Na quinta-feira, a polícia de Cingapura disse que quatro agentes serão enviados nas próximas duas semanas à sede da Interpol para colaborar nas investigações.
Tan não pode ser extraditado de Cingapura para a Itália, por não haver tratado de extradição entre esses dois países. Mas ele poderia ser mandado para a Alemanha, que também realiza investigações sobre o caso.
Especialistas dizem que a manipulação de resultados futebolísticos ocorre de forma desenfreada na Ásia, onde há um grande mercado de apostas e pouca regulamentação da atividade.
No ano passado, uma entidade de combate à corrupção estimou que as apostas esportivas movimentem 1 trilhão de dólares por ano --ou 3 bilhões por dia--, sendo a maior parte na Ásia e em apostas relacionadas ao futebol.