Mundo

Suspeita de compra de Copa do Mundo abala a Alemanha

A suspeita de que a Alemanha sediou a Copa do Mundo de 2006 graças à compra de votos de membros da Fifa abalou o país


	Franz Beckenbauer, ex-jogador alemão: escândalo ameaça a imagem de Beckenbauer
 (Patrik Stollarz/AFP)

Franz Beckenbauer, ex-jogador alemão: escândalo ameaça a imagem de Beckenbauer (Patrik Stollarz/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 18h29.

Berlim - A suspeita de que a Alemanha obteve a oportunidade de sediar a Copa do Mundo de 2006 graças à compra de votos de membros da Fifa abalou o país e ameaça a imagem de Franz Beckenbauer, após as informações divulgadas nesta sexta-feira pela revista "Der Spiegel" sobre um suposto caixa 2 que teria sido usado para esse fim pelo comitê que promoveu a candidatura vencedora.

De acordo com a publicação, o caixa 2 foi usado para subornar quatro representantes asiáticos do Comitê Executivo da Fifa, o que deu à Alemanha a vitória no processo de escolha da sede do torneio por 12 votos contra 11 da África do Sul, em julho de 2000.

A revista, que chegará às bancas amanhã, dedica sua capa à questão, com o título "O sonho de verão destruído", em alusão à euforia em torno daquela edição do torneio, no qual a Alemanha se apresentou ao mundo como uma grande anfitriã e estandarte do fair play.

Segundo os trechos divulgados hoje pela "Der Spiegel", o então chefe da Adidas, Robert Louis Dreyfus, contribuiu para esse caixa 2 com 10,3 milhões de francos suíços.

Nem no orçamento do comitê, nem nas contas posteriores consta a existência deste fundo, prossegue a revista, cuja reportagem ganhou grande repercussão e já é tema de debates na Alemanha.

Um ano e meio antes da realização da Copa, por circunstâncias confusas, Dreyfus reivindicou a devolução dessa quantia, o que conseguiu através de contas relacionadas com a Fifa e sob canais não declarados.

A existência do caixa 2 era conhecida por Beckenbauer, incentivador da candidatura e depois presidente do comitê organizador do Mundial, enquanto o atual presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Wolfgang Niersbach, soube de sua existência o mais tardar em 2005, de acordo com a "Der Spiegel".

Com esse caixa 2 foi comprado o voto dos quatro delegados asiáticos do comitê executivo da Fifa, que acabaram optando pela Alemanha - da mesma forma que os representantes europeus - na eleição que definiu a sede.

O representante da Oceania, Charles Dempsey, se absteve inesperadamente, segundo a revista, o que definiu o resultado definitivo favorável à Alemanha.

As informações antecipadas pela "Spiegel" foram seguidas por um crítico comunicado divulgado pela DFB que informava sobre a existência de "impurezas" em um pagamento de 6,7 milhões de euros à Fifa em 2005 e relacionado com a organização da Copa de 2006.

Nesse texto, a DFB dizia ter "indícios" de que em abril de 2005 o comitê organizador do Mundial fez essa transferência à Fifa e que esta "provavelmente não a utilizou para o fim à qual estava destinada".

Teoricamente, o dinheiro deveria ter sido utilizado para o amplo programa cultural desenvolvido em torno do Mundial.

O comunicado frisava, no entanto, que não foram verificadas "irregularidades" ou indícios de que tratava de compra dos votos dos delegados da Fifa para a escolha da Alemanha.

A investigação sobre esse pagamento ainda está em curso e não há "conclusões definitivas", informou a DFB, que deixava aberta a possibilidade de que seja pedida a restituição desse dinheiro.

Dreyfus, que faleceu em 2009, fez essa contribuição ao suposto caixa 2 como pessoa física, afirma a revista.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaCopa do MundoEsportesEuropaFutebolPaíses ricos

Mais de Mundo

Irã suspende os voos em todos os aeroportos do país

Voo com 229 repatriados do Líbano pousa na Base Aérea de São Paulo

Flórida declara estado de emergência, à espera de um 'grande furacão' na próxima semana

Defesa Civil de Gaza relata 21 mortos após ataque israelense em mesquita