A floresta dos awás enfrenta atualmente uma das taxas mais elevadas de desmatamento de todas as áreas indígenas da Amazônia (Antonio Scorza/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2012 às 11h04.
Londres - A poda ilegal na Amazônia brasileira poderia levar a destruição do povo indígena mais ameaçado do mundo, os awás, afirmou nesta quarta-feira a organização Survival International, defensora dos povos indígenas no mundo todo.
Em função do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial nesta quarta-feira, a Survival destaca que apesar das tentativas das Nações Unidas de acabar com o racismo, cada vez são maiores as necessidades para pôr fim a 'uma situação real de genocídio' na Amazônia brasileira.
Os awás são uma pequena tribo com 355 membros no leste da Amazônia, dependentes fundamentalmente da floresta, e que ao longo do tempo sobreviveram a massacres brutais.
Para os analistas, essa tribo, que se transformou em um dos últimos povos indígenas caçadores-coletores nômades que restam no planeta, enfrentará a extinção a menos que aumentem os esforços para proteger seus direitos territoriais, constantemente violados por madeireiros ilegais e criadores de gado.
Na nota, a Survival lembra que apesar da ONU querer que a 'dignidade e os direitos' dos seres humanos sejam respeitados no mundo todo, há muitas comunidades indígenas continuam atualmente vítimas do ódio étnico.
Bruno Fragoso, coordenador dos índios isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), alertou que esse povo está enfrentando 'invasões crescentes' e que 'se não forem adotadas medidas de emergência com rapidez, o futuro que os espera é a extinção'.
Um juiz brasileiro que visitou recentemente o território dos awás considerou que essa tribo enfrenta 'genocídio real'.
O diretor da Survival International, Stephen Corry, considerou os awás como 'o povo indígena mais ameaçado do planeta' e alertou que se seus direitos não forem protegidos, 'passarão a existir unicamente nas páginas dos livros de história'.
'O chamado da ONU para acabar com a discriminação racial é mais um passo para mudança de atitudes e ajudar a manter a floresta dos awás intacta', declarou.
A floresta dos awás enfrenta atualmente uma das taxas mais elevadas de desmatamento de todas as áreas indígenas da Amazônia.
Os analistas se preocupam de forma particular com o impacto que essas invasões territoriais têm sobre os awás não contatados, por serem particularmente vulneráveis as doenças.