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Surto em frigorífico contamina mais de mil na Alemanha

Trabalham 6,5 mil funcionários na unidade que pertence à maior processadora de carne do país - um dos primeiros a relaxar medidas de isolamento na Europa

Após flexibilização do isolamento, Alemanha registra aumento de casos de coronavírus (Ole Spata/Getty Images)

Após flexibilização do isolamento, Alemanha registra aumento de casos de coronavírus (Ole Spata/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 21 de junho de 2020 às 12h09.

Última atualização em 21 de junho de 2020 às 12h10.

Autoridades sanitárias da Alemanha confirmaram neste sábado, 20, que o número de pessoas infectadas com covid-19 em um frigorífico na cidade de Gütersloh subiu para 1.029 - no início da semana, o total era de 600 contaminados. O local, onde trabalham 6,5 mil funcionários, pertence à Tönnies, a maior processadora de carne do país.

O surto de infecções foi anunciado na quarta-feira. Desde então, o frigorífico foi fechado por duas semanas. De acordo com Sven-Georg Adenauer, conselheiro estadual do município de Gütersloh, no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, não há registro de que o vírus tenha se espalhado para a cidade de 100 mil habitantes vizinha de Bielefeld, no centro da Alemanha.

Adenauer reclama que as autoridades não conseguiram rastrear cerca de 30% dos funcionários da empresa. "A confiança que temos na Tönnies é zero", disse. O diretor da empresa, Andres Ruff, afirmou neste sábado que a demora para compartilhar os dados ocorre em razão das leis alemãs de proteção à informação.

De acordo com Adenauer, foram realizados 3.127 testes de diagnóstico no frigorífico e a um terço teve resultado positivo. Armin Laschet, chefe de governo do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, acredita que o surto de covid-19 possa ser contido com uma quarentena localizada, mas não descarta medidas mais radicais. "Se a coisa piorar, pode ser necessário decretar um novo lockdown na região", disse

A Alemanha tem cerca de 190 mil casos confirmados de coronavírus e quase 9 mil mortos - bem menos do que Espanha e Itália, os países mais afetados da Europa. A curva de contaminações vem caindo há algumas semanas, o que permitiu ao governo relaxar algumas medidas de isolamento social.

Por isso, a Alemanha se tornou um dos primeiros países a relaxar medidas de confinamento. No início de maio, pequenas e médias lojas foram reabertas e alguns estudantes voltaram às aulas. Escolas, bibliotecas públicas, salões de beleza e outros comércios voltaram a funcionar algumas semanas depois - com novas regras, como máscaras obrigatórias.

O governo da chanceler Angela Merkel, no entanto, alertou que a população deveria adotar cautela ao retomar as atividades econômicas. "A primeira fase da pandemia terminou, mas ainda estamos no início e temos uma longa luta contra o vírus pela frente", alertou Merkel, após afirmar que o afrouxamento das restrições só foi possível graças à estabilização da taxa de contágio e à baixa ocupação de leitos de hospitais.

Preocupada com uma segunda onda de infecções, Merkel determinou que cada Estado deveria adotar regras próprias para retomar setores da economia. Esta semana, o governo lançou um aplicativo de celular para rastrear casos do novo coronavírus. A ferramenta funciona por bluetooth e consegue medir a distância entre os smartphones dos usuários. Quando detecta que duas pessoas estão a menos de 1,5 metro uma da outra por mais de 15 minutos, ele registra o código de usuário de ambas.

Neste sábado, Merkel pediu que os alemães usem o aplicativo de rastreamento de infecções, que já foi baixado por mais de 9 milhões de pessoas no país. "Quanto mais gente usar o aplicativo mais útil ele será", disse a chanceler, que voltou a dizer que a participação é voluntária. (Com agências internacionais).

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