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Surto de poliomielite na Síria ameaça região, alerta OMS

Doença atingiu crianças no nordeste da Síria e representa uma ameaça para milhões de crianças em todo o Oriente Médio

Menina refugiada síria ajuda seu irmão, cuja família suspeita estar com poliomielite, a caminhar sob o olhar da mãe na região de Shebaa, no sul do Líbano (Jamal Saidi/Reuters)

Menina refugiada síria ajuda seu irmão, cuja família suspeita estar com poliomielite, a caminhar sob o olhar da mãe na região de Shebaa, no sul do Líbano (Jamal Saidi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2013 às 20h05.

Genebra - A poliomielite atingiu crianças no nordeste da Síria depois de provavelmente ter originado no Paquistão e representa uma ameaça para milhões de crianças em todo o Oriente Médio, afirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta terça-feira.

A doença incapacitante, que é causada por um vírus transmitido por alimentos e água contaminados, pode se espalhar rapidamente, especialmente na Síria, onde a guerra civil levou à queda das taxas de vacinação.

Vinte e duas crianças na província de Deir al-Zor, na fronteira com o Iraque, ficaram paralisadas ​​em 17 de outubro, e o vírus da poliomielite foi confirmado em amostras colhidas a partir de 10 vítimas. Resultados sobre as outras 12 são esperados nos próximos dias.

"Este vírus veio por terra, o que significa que o vírus não está só naquele canto da Síria, mas em uma área ampla", disse o diretor-geral-assistente da OMS, Bruce Aylward, à Reuters em entrevista.

"Sabemos que um vírus da pólio do Paquistão foi encontrado no esgoto do Cairo em dezembro. O mesmo vírus foi encontrado em Israel, em abril, também na Cisjordânia e em Gaza. Está colocando todo o Oriente Médio em risco", disse ele por telefone em Omã.

A poliomielite, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia irreversível em poucas horas, pode se espalhar rapidamente entre crianças menores de cinco anos, especialmente nas condições insalubres enfrentadas pelos desabrigados na Síria ou nos campos de refugiados lotados nos países vizinhos.


A doença é endêmica em apenas três países --Nigéria, Paquistão e Afeganistão-- levantando a possibilidade de que combatentes estrangeiros importaram o vírus para a Síria, onde militantes islâmicos estão entre os grupos que lutam para derrubar o presidente Bashar al-Assad.

O sequenciamento genético do vírus encontrado na Síria deve ser divulgado nos próximos dias, o que irá identificar a origem geográfica do primeiro surto de poliomielite no país devastado pela guerra desde 1999.

"Tudo sugere que este vírus terá uma ligação com o vírus que se originou no Paquistão", disse Aylward.

A maioria das 22 vítimas sírias é menor de dois anos de idade e pode nunca ter sido vacinada ou ter recebido nem mesmo uma dose única da vacina por via oral, em vez das três que garantem uma proteção, disse o porta-voz da OMS, Oliver Rosenbauer.

"As vacinações já começaram nesta área", afirmou Rosenbauer, referindo-se a Deir al-Zor, cuja principal cidade é parcialmente controlada pelas forças de Assad, enquanto rebeldes mantêm controle de uma área rural nas proximidades.

A campanha de imunização prevista anteriormente foi lançada na Síria em 24 de outubro para vacinar 1,6 milhão de crianças contra poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola, em ambas as áreas controladas pelo governo e pelos rebeldes, segundo a OMS.

Muitas crianças não têm sido vacinadas por causa da guerra no país, que já dura quase três anos.

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